A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclareceu na tarde desta quinta-feira (01), que o bebê que faleceu na maternidade do Hospital de Buenos Aires, na zona Norte de Teresina, não foi vítima de negligência por parte da equipe de saúde. A situação é investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Piauí (CRM), que interditou o local por falta de insumos hospitalares, profissionais da saúde e pela ausência do diretor-geral da unidade de saúde.
Em nota, a FMS destacou que o caso se tratava de uma gestação de risco pela prematuridade extrema (24 semanas), e que a mãe não passou por pré-natal. “Mesmo a maternidade não sendo para tal caso - que devem ser atendidos na Evangelina Rosa - o bebê foi prontamente atendido pela equipe médica e de enfermagem, e não sobreviveu devido à prematuridade, caso que teria o mesmo desdobramento independente do local em que fosse atendido”, esclareceu a fundação.
Além disso, apesar da interdição ética, a FMS informou que tomou as providências necessárias para manter o atendimento aos pacientes em outros hospitais e maternidades. A interdição ocorre inicialmente por 60 dias e é decorrente das vistorias realizadas pelo Conselho nos dias 27 de outubro e 30 de novembro deste ano, onde fiscais identificaram falta de neonatologistas e medicamentos.
Os pacientes estão sendo direcionados para três hospitais da zona Norte, o Hospital Ozeas Sampaio, bairro Matadouro; Hospital da Primavera e Hospital Mariano Castelo Branco, na Santa Maria da Codipi. No caso de atendimento as gestantes, a orientação é que as pacientes sejam direcionadas à outras maternidades da cidade.
O presidente da FMS, Gilberto Albuquerque, explicou sobre os procedimentos nessa situação. “Como a rede de saúde pública municipal tem vários hospitais, nesse momento os demais hospitais da região Norte estão recebendo os pacientes e já providenciamos reforço na equipe de profissionais para garantir a prestação dos serviços. Quanto às demais demandas já estamos providenciando para que o Hospital do Buenos Aires retorne as atividades o mais breve possível”, declara.
Fiscalização do CRM
Na última fiscalização realizada na quarta-feira (30), foram identificados os mesmo problemas, ausência frequente de soro fisiológico levando a transferências de pacientes, falta de administração e medicações que dependem da solução, tratamento inadequado de pacientes (necessidade de volume para tratamento eficaz sem realização por falta da solução), falta de tubo orotraqueais em estoque tamanho 7.5 e 8.0 (os mais usados em adultos).
Foi identificado também a ausência de algumas medicações analgésicas e antibióticos, escala de neonatologia incompleta comprometendo a segurança dos recém-nascidos da maternidade, aparelhos de fototerapia antigos e com baixa eficiência, falta de luvas de procedimento em tamanho pequeno e médio, entre outros fatos enumerados no relatório técnico do CRM-PI.