A descoberta de 19 onças mortas e esquartejadas em um freezer na cidade de Curionópolis, no Pará, causou choque até para quem está acostumado a apreensões do tipo. Os animais foram encontrados na semana passada, mas a gravidade do caso só foi percebida após perícia. Segundo o Ibama, é a maior quantidade de felinos caçados no Brasil achados em uma operação desde que o órgão foi criado, em 1989.
A apreensão ocorreu em uma operação da polícia local para apurar a venda de armas após uma denúncia. No local, além da fabricação e venda de armas, se depararam com animais abatidos, carcaças e aves em gaiolas. O número de animais, segundo investigadores, é maior do que o esperado para uma apreensão de onças abatidas para proteção por fazendeiros.
No total, foram 27 os animais encontrados: sete aves vivas (três bicudos, um curió, um azulão-da-Amazônia e dois canários-da-terra), um crânio de jacaré e no mínimo 19 felinos (uma jaguatirica, duas onças-pardas e 16 onças-pintadas). O número pode ser até maior, já que foram encontradas diversas partes dos felinos - cinco cabeças de onças-pintadas e uma de onça-preta, 25 patas de felinos e outras carcaças.
"Até para nós que estamos acostumados foi muito chocante. Esquartejar o animal, conservar a cabeça, tem todo um sentimento de crueldade. Extrapola muito o que a gente está acostumado. É uma situação de violência bárbara", disse Frederico Drumond, analista ambiental do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversiade) e chefe da floresta nacional dos Carajás.