Morreu na noite desta sexta-feira (22) o ex-prefeito de Corrente Jesualdo Cavalcanti Barros. Advogado e escritor, o homem público também era um político nato. Foi vereador, deputado e cumpriu o segundo mandato como prefeito da cidade ao Sul do Piauí. A morte foi confirmada por uma fonte próxima da família. O político lutava contra o câncer. A Assembleia Legislativa declarou luto oficial de três dias.
Jesualdo e a esposa, Maria do Socorro. Crédito: arquivo pessoal.
Histórico:
Filho de Sebastião de Souza Barros e Iracema Cavalcante Barros, é casado com a professora Maria do Socorro Rocha Cavalcanti Barros. Tem três filhos. Concluiu Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Piauí (Teresina, 1966), tendo, ainda, cursos de pós-graduação em Administração de Empresas (1967) e Direito Público (1978).
Fundou e dirigiu um escritório de consultoria e planejamento de administração municipal em Teresina (1967/1979). Integrou o conselho seccional piauiense da Ordem dos Advogados do Brasil, tendo exercido o cargo de 1º secretário de sua diretoria (1976/1978).
Foi secretário substituto de Indústria e Comércio (1975/1978). De 1983 a 1986 exerceu o cargo de secretário de Cultura, Desportos e Turismo do Piauí. Eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Piauí pela Assembléia Legislativa, em 1994, presidiu a corte em dois biênios (1995/1998). Sob sua direção, foi construído o novo edifício-sede do TCE.
Aposentou-se voluntariamente em março de 2002, para dedicar-se a pesquisas sobre a história do Piauí e ao Centro de Estudos e Debates do Gurguéia — Cedeg —, entidade voltada para a discussão em torno da criação do estado do Gurguéia.
Vida política
Participou ativamente da política estudantil dos anos 50 e 60, quando presidiu por duas vezes o Grêmio Lítero-Cultural Desembargador Arimatéa Tito (Liceu Piauiense) e a União Piauiense dos Estudantes Secundários, bem como a vice-presidência da União Brasileira dos Estudantes Secundários. Presidiu também o Centro de Estudos da Mocidade Idealista do Piauí, que reunia jovens de sua geração em torno da discussão dos problemas do Piauí e do Brasil.
Ingressou na política partidária ao eleger-se vereador de Teresina em 1962,[1] perdendo o mandato em 1964 com a eclosão do movimento militar de 1964 quando liderava a bancada do PTB. Após dez anos recuperou os direitos políticos e filiou-se à ARENA sendo eleito suplente de deputado estadual em 1974 e ocupou o cargo de subsecretário de Indústria e Comércio (1975-1978) no governo Dirceu Arcoverde. Eleito deputado estadual em 1978, ingressou no PDS sendo reeleito em 1982; afastou-se, porém, do mandato para exercer os cargos de Secretário de Cultura e presidente da Fundação Cultural do Piauí (1983-1986) no primeiro governo Hugo Napoleão, a quem seguiu na filiação ao PFL.
Eleito deputado federal em 1986, foi signatário da Constituição de 1988 e em 1990 conquistou seu terceiro mandato de deputado estadual.
Como deputado estadual exerceu a presidência de várias comissões e exerceu a presidência da Assembléia Legislativa no biênio 1991/1993 assumindo o governo do estado no período de 8 a 12 de fevereiro de 1993 na administração Freitas Neto. Na sua gestão foi construído o terceiro pavimento do Palácio Petrônio Portela, tendo a assembleia passado por ampla modernização administrativa, inclusive com a implantação do Centro de Processamento de Dados.
Integrou o diretório nacional do PFL e presidiu seu diretório regional no Piauí (1990/1991), tendo sido um dos delegados à convenção nacional. Candidato a prefeito de Teresina em 1992, não passou do primeiro turno num pleito vencido pelo professor Wall Ferraz. Não concluiu seu derradeiro mandato parlamentar em razão de sua renúncia para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, corte da qual foi presidente.
Liderou a criação da Fundação de Ensino Superior do Sul do Piauí, no extremo sul do Estado, conseguindo recursos federais para a construção e equipamento do respectivo prédio, de que resultaram a instalação do campus avançado Jesualdo Cavalcanti (UESPI) e o funcionamento de cursos superiores em Corrente.
Retornou à vida política ao ser eleito prefeito de Corrente pelo PTB em 2012.
Atividade como escritor
É autor dos livros Tempo de Cultura (1985), O Estado do Gurguéia e outros temas (1995), Notícia do Gurguéia (2002), Tempo de Tribunal (2003), Memória dos Confins (1ª edição 2005, 2ª edição 2007), Tempo de Contar (2006), Dicionário Enciclopédico do Gurguéia (2008) e Gurgueia: Espaço, Tempo e Sociedade (2009). Eleito para a Academia Piauiense de Letras, tomou posse na cadeira nº 3 no dia 06/08/2010.