Morreu aos 78 anos o poeta e ex-secretário de Cultura de São Paulo Mário Chamie. Segundo a família, Chamie estava hospitalizado desde a última quarta-feira no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e sofreu uma parada cardíaca na manhã de hoje.
Ele tinha câncer de pulmão e estava sendo submetido a quimioterapia.
O enterro está marcado para as 9h desta segunda no cemitério do Araçá, em São Paulo. Ainda não há informações sobre velório.
Chamie lançou seu primeiro livro de poesia, "Espaço Inaugural", em 1955. Em 1962, lançou "Lavra, Lavra", livro fundador da poesia práxis e vencedor do Prêmio Jabuti.
Foi secretário municipal de Cultura entre 1979 e 1983 e foi um dos responsáveis pela criação do Centro Cultural São Paulo e da Pinacoteca do Estado.
O poeta deixa uma filha, a cineasta Lina Chamie.
REPERCUSSÃO
"Era um grande amigo. Além de ser um poeta inventivo, muito experimental, o Chamie foi um ser humano muito especial. Perdi um amigo e a poesia brasileira perdeu um poeta", lamenta o poeta Ferreira Gullar.
Para José Renato Nalini, secretário-geral da Academia Paulista de Letras, Chamie era um dos mais brilhantes acadêmicos da APL. "Cada intervenção dele nas reuniões era uma verdadeira aula. Era um intelectual muito corajoso."
"Chamie foi uma das grandes figuras culturais de São Paulo surgidas na metade do século 20. Foi um imenso poeta, um originalíssimo ensaísta e um dos mais marcantes secretários de Cultura que a cidade já teve", diz Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade e articulista da Folha.
Para a escritora Lygia Fagundes Telles, ele foi um "grande poeta" muito original. "Foi meu colega na faculdade de direito do Largo de São Francisco. Tinha também uma personalidade muito polêmica, opiniões muito forte", conta.