Revoltados com a ausência de água há 10 dias no bairro Vila Samaritana, os moradores começaram a quebrar o calçamento da Avenida Horácio Ribeiro com o intuito de quebrar o encanamento da região.
Os moradores organizaram espécies de barricadas, queimando papelão e outros materiais e também bloqueando a rua com galhos e pedras para que a Agespisa tome alguma providência e resolva a grave situação que a população vem enfrentando.
A líder comunitária Ana Lúcia de Sousa informa que nas regiões mais elevadas o abastecimento sempre foi prejudicado e nos últimos dez dias as torneiras estão completamente secas. ?A área mais alta está com dez dias que não sobe uma gota de água.
A partir de amanhã não vamos perder tempo com a Agespisa. Nós vamos é na casa do governador?, afirma Lúcia, que está indignada, pois os talões sempre vêm, mas a população está sendo obrigada a pagar carros-pipas particulares. Cada um custando em média R$70,00.
Ana Lúcia conta que já comunicou inúmeras vezes o problema à Agespisa e que pediu até que eles enviassem um carro-pipa enquanto não resolvessem o problema.
Nenhuma das suas reclamações foi atendida e, segundo ela, a comunidade está cansada da negligência do poder público com a Vila Samaritana.
Há 16 anos a comunidade sofre com esse problema sem nenhuma solução para o fato. A revolta atingiu o ápice, e a população se viu obrigada a tentar quebrar os canos em busca de água.
Ela e outros moradores alertam que há mais de uma semana a Creche Bom Samaritano está sem aulas por conta deste problema no abastecimento. Na escola Padre Ângelo e outras creches e escolas também estão com as aulas prejudicadas.
Algumas não estão funcionando nestes dias ou estão com funcionamento limitado até as 10 horas. As escolas até pedem que as crianças levem água, para dar continuidade às atividades, mas sem nada em casa, acabam sem aula e sem água.
Com a chegada de algumas viaturas do Ronda Cidadão, Ana Lúcia questionou que a polícia só aparece na vila quando os cidadãos estão se manifestando. ?Na hora que rouba, eles não vêm. Outro dia minha casa foi assaltada e não apareceu policial nenhum, e agora nessas horas vem??, indaga.
No entanto, o tenente Herbert, do Ronda Cidadão, informa que a presença da polícia no local não tem intenção de impedir o protesto, e se faz necessária apenas para resguardar a segurança dos manifestantes.
?Estamos aqui para garantir a integridade física da população e do patrimônio público e privado?, declara Herbert. A Agespisa informou que vai providenciar solução para o caso o mais rápido possível.
SEM PODER TRABALHAR - Marlene dos Santos trabalha no ramo de alimentação e diz que há uma semana não consegue produzir nada para vender, pois na busca por água para beber não tem tempo e nem água suficiente para cozinhar os lanches que comercializa para ajudar no sustento da família.
Ela conta que durante a semana sua filha levanta todos os dias de madrugada, pega a motocicleta e vai buscar água no Bairro Piçarreira.
Vizinha de Marlene, a dona de casa Socorro Fernandes também trabalha com alimentos.
Ela possui uma lanchonete, na entrada de sua casa. O marido dela leva os produtos em um carrinho para vender. Segundo ela, sem água o estabelecimento passou a semana fechado, porque não conseguem mais produzir, e isto está desfalcando as finanças da família. ?Estamos vivendo a pão e água. Aliás, só pão, porque água não tem de jeito ne-nhum?, comenta.