Mal começaram as chuvas e Teresina já registra 56 áreas de risco, com centenas de famílias vivendo em suscetíveis inundações, alagamentos e desabamentos, principalmente em períodos chuvosos. Moradores da Vila Washington Feitosa, na região do Conjunto São Paulo, na zona Sudeste, já sofrem com as enchentes.
As áreas de risco são assim consideradas pela Defesa Civil como “todas aquelas que podem, através de sua vulnerabilidade, ameaçar a segurança dos munícipes”, – e uma dessas está o córrego que atravessa a Vila Washington Feitosa. Quem pediu socorro com as últimas chuvas foi o morador Edson Oliveira, que teve parte do muro de sua casa arrastado pela lama e pelo lixo que correm nessa espécie de galeria a céu aberto.
“Quando chove, transborda tudo e a água chega passar por cima do calçamento. Aqui fica um mar, ninguém nem vê o chão e ninguém aguenta isso aqui mais não. Tá vendo aquela manilha? ” – aponta para uma mureta de concreto em frente à residência – “A água passa dela e muito”. A casa de Edson está com as paredes rachadas e o piso está cedendo. O morador até já colocou uma placa para vender a casa.
O mesmo transtorno é vivenciado pela aposentada Francisca Siqueira, que reside no bairro há 13 anos, e diz que já perdeu “muro e cama por causa da enchente”. “A água podre já começou a derrubar os muros, estamos com medo de perder as casas. O piso da casa baixou, a cerâmica já está cedendo e as paredes estão rachando”, reclamou, sentada na porta de casa, a poucos metros de uma água preta, repleta de vegetação e lixo, na qual a comunidade improvisa um dique para ver se contém a força da água.
Além de inundações e dos riscos de desabamentos, quem reside às margens de córregos poluídos está diariamente suscetível a doenças como arboviroses, “porque é muriçoca e mosca demais”, segundo relata a aposentada.
A moradora Carmelita Lourenço, moradora antiga na região, sente o mesmo drama. “A Prefeitura não limpa, mas o pessoal também bota muito lixo, aí entope tudo e o córrego transborda”, reconhece.
Prevenção
Em nota informada por meio da assessoria da Prefeitura de Teresina, o secretário municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), Samuel Silveira, informou que “a Defesa Civil contribui para diminuir as ocorrências neste período de chuva. Seja com auxílio individual, a uma família, seja coletivamente, a uma região, ela presta ao morador o fluxo de atendimento da Prefeitura”.
Preocupados com os transtornos das chuvas, a Defesa Civil está retirando os moradores em situações mais críticas desses locais, e que “elas [as famílias] podem receber o aluguel social ou serem abrigadas em casa de parentes ou amigos, tendo direito a cestas básicas mensalmente, além de redes de cobertores”.
O órgão aponta ainda que “evitar as edificações irregulares, não construindo em lugares inadequados, e fazer o acondicionamento correto do lixo doméstico, respeitando os dias de coleta” são medidas para evitar transtornos.
Também estão em áreas de risco o residencial Dilma Rousseff, Vila do Avião, Pedra Mole, povoado Bom Sossego na zona rural de Teresina e Vila Nova. As famílias nesses locais foram orientadas a deixarem as residências.
A solução, porém, ainda é falha e esbarra em um desafio complexo porque envolve a questão ambientas e social em que vivem essas famílias.