Éfrem Ribeiro
Os minifúndios representam 7% das propriedades rurais da região dos Cerrados, no sudoeste do Piauí, onde é explorada a agricultura de larga escala para a produção de grãos como soja, milho, arroz, feijão, sorgo e algodão, dentro da área que se convencionou a chamar de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
A produção agrícola do Matopiba, puxada principalmente pela soja, teve um crescimento maior elevado do que a produção agrícola do Brasil, de acordo com os dados do Censo Agropecuário 2017, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou o estudo “Estrutura Agrária no Matopiba: apontamentos a partir do Censo Agropecuário de 2017”, da pesquisadora Caroline Nascimento Pereira, do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea).
Caroline afirma, em seu estudo que a região do Matopiba, que vem se destacando no cenário da agricultura moderna de grande escala e baseada em capital e tecnologia, apresentou uma participação de aproximadamente 10% no total de grãos produzidos no Brasil em 2016.
Segundo ela é responsável pelo crescimento da agricultura a taxas superiores à média nacional, a produção de grãos tem promovido mudanças no quadro socioeconômico dessa porção do território brasileiro desde os anos 1970.
Nos anos 1990, quando as áreas outrora ocupadas começavam a ver o preço de suas terras subir, a produção ganhava estrada e chegava ao sudoeste do Piauí. A soja, que foi adaptada para o Cerrado brasileiro, visto ser um cultivo para temperaturas mais frias, tornou-se a protagonista da região, que até essa conversão produzia basicamente milho, feijão, mandioca e algumas outras tentativas de cultivos menores, que não tiveram grande sucesso no Matopiba.
Ela fala que relacionando as Unidades da Federação (UFs) com os grupos de área, o Maranhão é o único estado onde há o predomínio de pequenas propriedades, em número de estabelecimentos, com até 10 ha (54,6%). Nos outros três estados, observa-se o predomínio de estabelecimentos agropecuários entre 10 ha e 50 ha. O Tocantins é o estado em que, apesar de não ser predominante, há uma grande parcela de estabelecimentos na faixa de 100 ha a 1.000 ha (25,8%) e acima de 1.000 ha (4,7%).
“Os dados mostram que 51,6% da área total dos estabelecimentos é referente aos com mais de 1.000 ha, ao passo que apenas 0,7% dessa área se refere a estabelecimentos com menos de 10 ha. O oeste baiano apresenta a pior distribuição fundiária, com 2% de seus estabelecimentos com mais de 1.000 ha ocupando 71,1% da área total. O Piauí também possui extrema concentração, com 2,1% dos estabelecimentos acima de 1.000 ha ocupando 64,7%.É importante também considerar os minifúndios, os quais possuem menos de 2 ha.
Os dados mostram que os minifúndios representam 23,4% do total dos estabelecimentos agrícolas do Matopiba, sendo que, destes, 84,5% estão localizados no Maranhão. Em relação aos estabelecimentos totais da UF pertencentes a esse território, o Maranhão também possui a maior proporção de minifúndios, 40,6%, seguido da Bahia, com 35,7% .
O Tocantins, marcado por grandes estabelecimentos (latifúndios), possui apenas 3,6% deles como minifúndios. A porção do Piauí no Matopiba, por sua vez, possui 7,5%. Esse ponto é de fundamental importância para entender como essas pessoas serão inseridas na economia local com o avanço da soja, pois se trata de famílias em propriedades com incapacidade de produção”, afirma Caroline Nascimento.