O Instituto Boa Vista divulgou queda de 33% nas vendas do comércio de Páscoa em todo país. Para o comércio informal, esses números podem ser muito maiores, visto que não há um órgão de aferição.
Em São Luiz no Maranhão, por exemplo, a professora e culinarista Simone de Novaes Brandão, no mercado há mais de 6 anos, conta que suas vendas não alcançaram nem a metade do que havia produzido. “Tanto eu como minhas alunas sentimos muito o impacto da pandemia durante a Páscoa, que é uma das melhores datas do ano para o segmento”, lamenta Brandão.
O mesmo aconteceu em Mossoró com a Marcella Raissa de Souza Fernandes Bezerra, confeiteira há 17 anos, onde as vendas só chegaram a 20% de tudo que ela havia investido. “Os lojistas que eu costumo vender os ovos de chocolate durante a Páscoa não compraram, por estarem fechados devido a pandemia. Outra dificuldade foi conseguir a entrega via delivery, pois as empresas que viabilizam os serviços não tinham motoboys suficientes para atender os pedidos. E as minhas alunas, que também fazem produtos para essa época, tiveram o mesmo problema”, afirma a microempresária.
Lourdes Diniz - confeiteira de São Paulo / Imagem - Arquivo Pessoal
Já no Paraná, em Cia Norte, para a confeiteira Lilian Prado não foi muito diferente, já que suas vendas não passaram de 50%. “Conversei também com colegas da mesma área e alunas, e todos sentiram o impacto negativo causado pela pandemia”, anuncia Prado.
Em São Paulo, Lourdes Diniz, professora e culinarista vendeu só 50% do previsto e sentiu o mesmo em relação as suas alunas. “Tive aluna me ligando e chorando, falando que conseguiu vender apenas 20% da produção”, informa Diniz.
Dentro dessa cadeia, o segmento de embalagens também sofreu o baque nas vendas, já que o comércio especializado teve que ficar fechado por conta da pandemia. Um levantamento feito pela Cromus Soluções, maior empresa de embalagens para presente, decoração de Natal e Páscoa, junto aos seus clientes lojistas de todo o Brasil, as vendas ficaram abaixo dos 50% sendo as regiões sul e nordeste as mais afetadas, atingindo apenas 30% de vazão dos produtos para a época.
Por conta do recuo nas vendas, os microempreendedores contam agora com o movimento #pascoaatejunho, criado pela chocolatier Renata Penido, sugerindo que a comercialização dos produtos de Páscoa seja estendida até 14 junho, tempo para que recuperem ao menos o valor investido para a época, sem prejuízo financeiro. Outra frente do movimento também sugere que os confeiteiros que tiveram sobra, entre chocolates e embalagens, que explorem a criatividade para transformar o material em produtos que vão muito além e que podem atender outras datas comemorativas, como por exemplo Dia das Mães e Dia dos Namorados, com o mesmo carinho e doçura da Páscoa.