Os principais mercados públicos de Teresina sofrem com o descaso do poder público. A sujeira e desorganização tomam conta dos locais e têm desagradado a população, que prefere fazer compras em outros lugares ? mesmo saindo mais caro para o consumidor. Segundo feirantes, foram prometidas reformas que até agora não saíram do papel e prejudicam os rendimentos mensais dos consumidores.
No tradicional Mercado da Piçarra, os compradores precisam disputar espaço com urubus logo na entrada. Um enorme depósito de lixo se localiza no acesso principal e os açougueiros jogam restos de carne, atraindo os pássaros. O mau cheiro toma conta do lugar e afugenta os consumidores em potencial. O piso do mercado está quebrado, não há cestos de lixo no interior do complexo e os feirantes não possuem espaço para guardar seus caixotes. Em consequência, a pequena área destinada a tráfego de compradores fica debilitada.
No interior do mercado, restos de osso e carne estão jogados pelos corredores e os boxes apresentam pouca ou nenhuma higienização. O açougueiro Gerson Antônio diz que o açougue do mercado é varrido diariamente, mas não é lavado. Para gozar de mais higiene, os feirantes precisam tirar dinheiro do próprio bolso para contratar um lavador. Apesar das más condições, a Vigilância Sanitária faz fiscalizações constantes e nunca apontou nenhuma irregularidade na estrutura física do mercado.
No ambiente de hortifrútis, a situação é ainda pior. A sujeira toma conta do local e os comerciantes pedem uma reforma. ?Faz anos que pedimos uma reforma de verdade, pois desse jeito não dá para trabalhar. Já nos prometeram melhorias, mas até agora nada foi feito. Chegamos em um ponto onde precisamos pedir para trabalhar?, lamenta a feirante Graça Araújo.
No Mercado Velho, a situação é um pouco melhor. A sujeira está controlada, mas a falta de higiene toma conta do local. ?As pedras de exposições são malfeitas e falta água com frequência. A gente tem que pegar água nos baldes, já que aqui não tem pia. Além disso têm o problema de encanação. Tem um banheiro lá em cima que está com vazamento e os pingos de água caem praticamente em cima dos nossos produtos?, lamenta o comerciante Josenildo de Oliveira, que trabalha no local há mais de 12 anos.
Para a cliente Raimunda Pereira, que vai ao mercado no mínimo uma vez por semana, o maior problema do local são as mercadorias estocadas em péssimas condições, acarretando o mau condicionamento dos produtos. Além disso, a dona de casa destaca as condições ruins de higiene que o mercado possui desde sua fundação.
?É necessário que os órgãos públicos realizem um trabalho de educação ambiental, começando pelos próprios vendedores. Também é preciso revisar a questão da grande quantidade de mercadorias que vão para o lixo. Tem coisas que podem ser reaproveitas e elas deveriam ser doadas para quem precisa?, diz Raimunda.