Mercado: Maior IPI dos importados não estimula a exportação

Consultor diz que o ideal era reduzir o imposto para incentivar novos investimentos.

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Com o anúncio do aumento de 30 pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados, a principal vítima será a exportação brasileira. Foi assim que definiu o consultor de mercado Paulo Garbossa. De acordo com ele, com a medida anunciada pelo governo, o setor automotivo como um todo sofre um retrocesso.

?O governo tinha dois caminhos pela frente: o primeiro era incentivar um mercado aquecido, que está crescendo. O outro era combater esses bons números, mexendo na regra no meio do jogo. O aumento do IPI dos importados vai aumentar a competitividade da indústria nacional para o mercado interno, frente ao avanço das importadoras. Mas irá reduzir os investimentos em desenvolvimento tecnológico e a capacidade de exportação de veículos?, disse Garbossa.

Segundo o consultor, o custo de produção da indústria brasileira está fora da realidade, comparado com países asiáticos, como a China e Coréia do Sul e isso reflete na possibilidade de as importadoras oferecerem modelos com preços tão competitivos. ?Com o aumento, você não equilibra as contas de produção. Apenas reduz a margem de investimentos das importadoras e beneficia as montadoras nacionais. O correto era reduzir o imposto para beneficiar o mercado como um todo?, afirmou.

Apesar do movimento do mercado, Garbossa acredita que ainda teremos novos capítulos. ?Acredito que a Abeiva [Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores] irá se movimentar nos bastidores para que o reflexo não seja tão grande. Teremos que esperar, pois mudanças devem acontecer.?

O que dizem os envolvidos

Logo após o anúncio do aumento do IPI, divulgado pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, os representantes das duas principais associações envolvidas deixaram claro sua posição. A Abeiva, por meio de seu presidente, José Luis Gandini, deixou claro que não ficou satisfeita com a decisão. ?Isso é um retrocesso para o mercado. O que vai acontecer é uma debandada de investimentos que já estavam programados por parte das importadoras. Quem perde é a economia do país e o consumidor?, disse Gandini.

Já o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, acredita no fortalecimento da indústria nacional. ?Tal medida fortalece a todos que investem no país. Desde as montadoras, até a indústria de autopeças. Isso gera mais competitividade, mais renda, mais investimentos para o setor?, disse Belini.

O que diz o governo

Durante a coletiva de imprensa para divulgar o aumento, Guido Mantega afirmou que tal medida visa frear o avanço das importadoras. ?Com o aumento dos estoques das montadoras nacionais e o forte crescimento da importação de veículos, corremos o risco de exportar empregos e renda para outros países?, afirmou o ministro da Fazenda. Ainda segundo Mantega, os preços dos veículos importados devem sofrer um reajuste entre 25% e 28%.

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