Mãe relata comportamento diferente de filha abusada e morta: “tava difícil”

Segundo delegada, criança sofreu abuso e foi assassinada a pauladas.

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A menina Yasmin Martins de Souza Silva, de 8 anos, morta a pauladas após ser estuprada em Catalão, região sudeste de Goiás, passava várias horas do dia na rua. A informação é da mãe da criança, Leidia Martins Pereira, e do Conselho Tutelar, que chegou a advertir a família um dia antes do desaparecimento e não descarta a possibilidade de responsabizá-la por negligência.

Em entrevista à TV Anhanguera, a mãe afirmou que a criança apresentava um comportamento diferente ultimamente. "De uns dois dias para cá, ela não estava bem e ficava na rua até 23h30. Estava difícil com ela. Ela estava nervosa, parece que sabia o que ia acontecer com ela, desinquieta lá dentro de casa", relata.

Segundo Leidia, a filha, com frequência, se comunicava com pessoas desconhecidas na rua. "Qualquer um que passava ela falava avô, pai. Para ela não tinha estranho", contou.

A conselheira tutelar Almirinda da Fátima Carneiro afirma que, um dia antes do desaparecimento, recolheu Yasmim na casa de desconhecidos e advertiu a mãe da menina. "No sábado, uma família me ligou, dizendo que havia uma criança brincando com os filhos deles. Apareceu lá na casa e eles não sabiam o que fazer, visto que já havia cinco horas que a criança estava lá e ninguém havia procurado. Eles teriam a levado na casa da mãe e ela não estava", relatou.

Almirinda foi ao local e levou Yasmim para casa. Chegando lá, encontrou a mãe e perguntou por que a criança ficava tanto tempo na rua. "Ela disse que a criança costumava ficar na rua junto com o irmão. Ela foi advertida quanto a isso. Eu falei que ela seria encaminhada para nossa rede de proteção e também para a equipe do Cras [Centro de Referência de Assistência Social], para fazer um trabalho com a família", afirmou.

Segundo a conselheira tutelar, a criança já havia sido monitorada em duas outras ocasiões. "Em 2008, ela foi acompanhada e, em 2011, as crianças ficaram quatro meses abrigadas. Retornaram para a família porque a mãe já estava preparada para receber esses filhos", explicou.

Investigação

Delegada responsável pelo caso, Alessandra Maria de Castro afirmou que Yasmim sofreu abuso antes de ser morta. "O laudo ficará pronto na próxima semana, mas o legista adiantou que houve violência sexual e depois ela foi assassinada com várias pauladas na cabeça, de uma forma muito cruel", relatou.

A criança foi achada morta na última segunda-feira (9), em uma obra. A delegada não descarta a possibilidade do crime ter sido cometido por alguém conhecido da vítima. "Porque ela caminhou com essa pessoa, se deslocou de um local para outro, um percurso consideravelmente distante. Ela estava na Vila União e o corpo foi achado no Setor Paineiras", explicou.

A delegada afirma já ter pistas do suspeito." Temos o perfil, as características do homem que fez isso, mas ainda não o identificamos", informou. Apesar da greve na Polícia Civil, os agentes e escrivães de Catalão se sensibilizaram com o caso e, segundo a delegado, estão trabalhando para solucionar o crime.

Desaparecimento

A criança havia saído da casa da avó na manhã de domingo (8) para encontrar a mãe em uma feira onde ela trabalhava. No entanto, ela não chegou ao destino. Após o sumiço, familiares e policiais chegaram a procurá-la, mas não encontraram.

O padrasto da vítima, Roberto de Sá Silva, contou que soube da morte por telefone. "Um tio meu estava ouvindo rádio e me ligou avisando que haviam encontrado uma menina morta. Fui para o local com minha esposa e, infelizmente, era ela", recorda-se.

Na segunda-feira (9), o pedreiro Luizmar Bernardes encontrou a menina morta na obra onde trabalha, no Bairro Paineiras. Ele lembra com tristeza do momento em que viu a vítima. "Cheguei e nós [outros colegas] trabalhamos um pouquinho. Quando olhei lá dentro, me deparei com a criança morta lá e chamei o outro colega meu para olhar. É triste de ver. A cena é lamentável", afirma.

O corpo de Yasmim foi enterrado no Cemitério São Pedro na manhã de terça-feira (10). Na despedida, o clima era de indignação e muita revolta. "Eu peço Justiça, porque eu confio na lei", disse a tia da menian Andreia Luíza Souza.

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