Não caiu bem na área médica a notícia das medidas adotadas ontem pelo Governo Federal, principalmente a que trata do aumento da carga horária dos cursos de medicina da rede pública e privada. O período de duração do curso subiu de 6 para 8 anos. O reflexo negativo foi imediato entre médicos, professores e estudantes.
?Esses dois anos que o governo está querendo acrescentar eles vem de uma forma errada. O que estamos precisando é de uma reformulação em nosso curso, uma estrutura melhor e uma quantidade maior de professores?, conta o estudante de Medicina Henrique César.
?É mais uma extravagância que nós estamos ouvindo na mídia, porque o nosso curso de Medicina já é o maior, seis anos. Depois de seis anos, a maioria já vai fazer uma residência. E eu pergunto se nós vamos resolver o problema da saúde no país só com médico? Não. Não é só médico e o que precisamos é melhorar as condições de aplicação da saúde no interior e nas capitais?, argumenta o o professor doutor em Medicina, o médico Santos Rocha.
A medida valerá para estudantes que ingressarem no curso de medicina no interior e nas capitais a partir de 2015. Eles obrigatoriamente terão que trabalhar 2 anos para o SUS cumprindo a grade curricular.
Nem todos discordam das medidas, assim como o Governo Federal, alguns médicos pensam que essa ação irá humanizar o atendimento da saúde pública no Brasil. Fica a indagação: se com seis anos os médicos ainda terão que trabalhar mais dois para o SUS para concluir a faculdade, como eles podem exercer a profissão se ainda não terão recebido o diploma?
?Nesses dois anos, se a pessoa optar por fazer uma residência de área básica ele não vai prestar esse serviço. Então não é um sistema obrigatório como tem muita gente comparando com o serviço militar obrigatório. E tem outro fator, as pessoas estão dizendo que as faculdades já estão reclamando, que nós não temos tempo para fazer isso. Tem sim, a proposta foi elaborada agora e isso vai ter validade a partir de 2015 para os alunos que entrarem em 2015. Então nós temos um ano e meio para as faculdades se prepararem para este curso de 8 anos?, defende a a médica Leiva Moura.
Os questionamentos não param por aí, o que deixa claro que as medidas não tem o apoio da maioria da classe médica e terão dificuldades em serem aplicadas na prática.
?Essa medida é de uma ilegalidade sem tamanho. Primeiro porque você muda o projeto pedagógico de um curso de nível superior através de uma medida presidencial, o que é ilegal. Segundo, se o diploma sair com 6 anos, a pessoa não pode ter o seu diploma retido. Isso é uma ilegalidade porque você não pode reter o diploma de quem concluiu a graduação superior e, se aos 6 anos, ele não estiver apto para receber o diploma e for receber só no final dos 8 anos, ele não pode exercer a profissão no interior porque ele não é médico?, argumenta o médico Ednaldo Miranda, diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Piauí - UESPI.
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