Médicos da rede pública da cidade de Itapevi, na Grande São Paulo, estão pedindo demissão porque não querem cumprir a jornada de trabalho. Alguns se negam a bater o cartão de ponto. Em um posto de saúde, o médico até foi trabalhar, mas foi flagrado dormindo enquanto deveria atender.
O flagrante foi feito pelo ajudante Jeferson Ricardo Rodrigues, há duas semanas, após receber um telefonema do irmão.
— Meu irmão passou mal e foi ao pronto-socorro. Chegando lá, foi informado de que o médico não iria atendê-lo. Ele me ligou, fui lá e descobri que ele estava muito ocupado fazendo isso aí que está no vídeo.
Na gravação, o homem acorda o médico e ameaça denunciá-lo.
— Doutor, por favor. O senhor levante e atende o meu irmão porque ele tá passando mal. Eu estou te filmando aqui, tá? Porque isso é omissão de socorro. Quero o número do seu CRM, seu nome completo, tá? Ou o senhor levanta e atende ele, ou eu vou no Ministério Público e vou denunciar o senhor.
Uma funcionária do posto onde o médico foi flagrado dormindo confirmou o problema.
— Eles não querem bater ponto. Foram contratados por 36 horas, trabalhavam seis e ganhavam por 36. [...] Estamos sem médico. Os médicos daqui pediram demissão.
A secretária de Saúde do município, Maria Dalva Amim dos Santos, diz que 27 médicos já pediram demissão. Os que ficaram pedem que a jornada de trabalho seja reduzida pela metade.
Enquanto isso, pacientes sofrem em filas aguardando atendimento. No pronto-socorro central, uma funcionária diz que “a espera é de mais ou menos uma hora e 40 minutos”.