A morte precoce da dançarina de funk Mary Morena, nome artístico de Zulmariana Charret Oliveira, de 26 anos após se submeter a uma lipoaspiração e à troca de prótese de silicone nos seios, no Centro Médico da Barra da Tijuca, na última sexta-feira, deixou muitas dúvidas no ar. Em entrevista ao Extra, o cirurgião plástico Luiz Antônio de Lima, responsável pelas duas cirurgias, explicou que uma informação omitida pela paciente poderia explicar por que ela não reagiu ao tentar ser reanimada na sala de recuperação da clínica. Segundo ele, depois que Mary morreu, o namorado dela, Wallace Alfredo Valadares, revelou que a dançarina tinha feito uso de anabolizantes e injetado silicone no glúteo e nas coxas.
- Ele e a cunhada dela me passaram que a Mary utilizava anabolizantes. E isso ela não tinha passado pra gente. Mary teria feito um preenchimento na coxa e no glúteo com silicone liquido injetável, mesmo sabendo que era proibido, que não era próprio pra isso. Mas isso só laudo do IML pode ajudar a resolver - explicou Dr. Lima, garantindo ainda que todos os exames pré-operatórios foram feitos e tiveram resultado satisfatório: - Ela fez raio x no tórax, ultrassonografia da mama e do abdômen, fez o eletrocardiograma e foi liberada com o risco cirúrgico asa 1, que é o menor risco.
Por telefone, Wallace negou que tenha passado essa informação ao médico.
Dr. Luiz garantiu que funkeira saiu bem tranquila da cirurgia e que teria até conversado com outros pacientes.Mas nega que ela tenha recebido alta médica como o namorado dela informou.
- Aproximadamente umas cinco horas depois da cirurgia, ainda no leito chamado recuperação de pós-anestesia, começou a apresentar hipotensão, taquicardia e um desconforto respiratório. O enfermeiro chamou o anestesista, e começaram a fazer o atendimento nela. Ela foi completamente assistida, entubada, desfibrilada. Mas não resistiu, não respondeu às manobras que foram feitas.
O cirurgião plástico ainda garantiu que o fato de a clínica não contar com uma unidade de terapia intensiva não impediu que ela recebesse o tratamento adequado.
- As pessoas confundem um CTI aberto com um leito de CTI pra intercorrência. A vigilância nem autoriza funcionamento de uma clínica se ela se não tiver um leito de intercorrência para que a paciente seja reanimada. Primeiro você estabiliza a paciente, para que a paciente seja transferida para um CTI se houver necessidade de ela ser mantida lá.
Procurada pela reportagem, a administração do Centro Médico da Barra informou por meio de uma nota oficial, que embora não haja um setor específico de unidade intensiva, há um convênio firmado com o Hospital Cardiobarra, localizado na mesma rua, para transferência em caso de necessidade. Veja a nota na íntegra abaixo:
A direção da clínica Centro Médico da Barra lamenta o falecimento da paciente Zulmariana Cherret, se solidariza com a família e informa ter adotado todos os procedimentos, disponibilizando toda a sua infraestrutura, equipamentos e seu corpo médico em socorro da paciente.
É importante registrar que além de contar com todos os equipamentos necessários para o atendimento de emergências e o ressuscitamento de pacientes, a clínica ainda mantém com o Hospital Cardiobarra, localizado na mesma rua, em frente, um contrato de prestação de serviços para a remoção de pacientes, em caso de necessidade. No entanto, é importante lembrar que, no momento de ocorrências como a registrada com Zulmariana, a prioridade deve ser para o atendimento da paciente e sua estabilização para só então proceder com a remoção.
Na sexta-feira, dia 16 de maio, a paciente deu entrada no centro cirúrgico para se submeter a uma substituição de próteses de silicone nas mamas em conjunto com miniabdoômen. O médico responsável pela cirurgia foi o Dr. Luiz Antônio Lima, que não integra o corpo clínico do Centro Médico da Barra e é locatário do centro cirúrgico para a realização de procedimentos em alguns de seus pacientes. Segundo o médico, a operação correu dentro do esperado e, após a liberação pelo médico, a paciente ainda chegou a sair do centro cirúrgico para conversar com familiares. No entanto, quatro horas depois, Zulmariana se sentiu mal e após a adoção de todos os procedimentos de socorro, faleceu na sala de recuperação pós-operatória de causa ainda desconhecida.