A onda de ataques em Santa Catarina teve mais um alvo em Itajaí. Um ônibus foi incendiado na manhã desta quinta-feira (15). De acordo com a polícia, a ação foi por volta das 9h30 no bairro Salseiros. Dois criminosos que estavam em uma moto atearam fogo no coletivo e fugiram. No entanto, o que chamou a atenção foi a ação de um mecânico, de 29 anos, ao ver o veículo em chamas: ele entrou no ônibus e guiou o coletivo por cerca de 100 metros, com o objetivo de evitar incêndio em residências.
Marcelo Lima Leite disse, em entrevista à RBS TV, que deixou o medo em segundo plano diante da possibilidade de que o incêndio chegasse até a casa da sua mãe: "Não tinha muita opção", justifica.
Ainda segundo Marcelo, ele guiou o coletivo até um terreno próximo e desceu pela porta da frente quando as chamas já consumiam praticamente todo o veículo.
"Onde estacionei o ônibus era uma área de menos risco. O ônibus estava bem na frente da nossa casa e o fogo estava se alastrando bastante. Corria o risco de incendiar o prédio. Fiquei com um pouco de medo, porque tinha muita fumaça. Foi ruim de respirar dentro do ônibus", relata Marcelo.
De acordo com o motorista do ônibus, que não quis se identificar, eram 50 passageiros no veículo. Ele parou o coletivo, abriu a porta e acendeu o pisca alerta. "Os dois homens mandaram todos os ocupantes descer e disseram que não iriam machucar ninguém", relata. Ainda segundo o condutor, ninguém ficou ferido.
Segundo o sargento João Passos dos Santos, do Corpo de Bombeiros de Itajaí, chamas e fumaça chegaram a 15 metros de altura. Apesar da tentativa, os bombeiros não conseguiram evitar que o ônibus ficasse destruído. As autoridades esperam identificar os dois criminosos. O veículo incendiado possui câmera de segurança e a polícia vai avaliar se é possível obter as imagens.
Desde segunda-feira (12), só na cidade de Itajaí, cinco incêndios foram registrados pelos bombeiros.
Quatro carros estacionados na rua e um ônibus, na garagem, foram atingidos com coquetel-molotov.
Ataques no estado
A Polícia Militar de Santa Catarina afirmou, em balanço divulgado na manhã desta quinta-feira (15), que 30 pessoas foram detidas e 58 suspeitos foram identificados por envolvimento nos ataques realizados há três dias no estado.
Pelo menos 38 ataques foram registrados em 10 cidades catarinenses ? Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Gaspar, Navegantes, Itajaí, Blumenau, Criciúma e Balneário Camboriú. Diversos ônibus, um carro da Polícia Civil e alguns veículos particulares foram incendiados. Também foram disparados tiros contra bases da PM e presídios.
Autoridades de segurança de Santa Catarina apuram a hipótese de que os ataques estejam relacionados a denúncias de maus-tratos em presídios do estado. Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro, a principal linha de investigação aponta que há um grupo de presidiários que mantém contato com as ruas e coordena os ataques. "Mas não podemos detalhar para não atrapalhar as investigações", explicou o delegado.