Mais de 400 mil casas em São Paulo ainda estão sem energia elétrica três dias após o apagão que ocorreu na sexta-feira (11). Moradores expressam descontentamento com a Enel e a prefeitura.
Há quase 70 horas sem luz, Rafael, de 32 anos, disse sentir-se "desamparado, sem a quem recorrer". Residente da rua Elian Zayat, no Jardim Iracema, zona sul da capital, ele relatou que está sem energia desde as 19h30 de sexta-feira, sem previsão de retorno.
A situação foi classificada por ele como "desesperadora". Em entrevista ao UOL, Rafael explicou que vive com a esposa e a filha de um ano e oito meses, e a família tem se limitado a tomar banhos "com caneco" para racionar a água que ainda resta.
Gostaria de ser ouvido de alguma forma. Estou me sentindo humilhado. Quando querem cortar [a energia] no dia seguinte estão na frente da sua casa e não têm dó, cortam e mandam você se virar. Aposto que no bairro do presidente da Enel e de qualquer político agora não está faltando energia, porque eles sabem a quem importa priorizar. Lamentável
Rafael, que trabalha como operador de telemarketing em serviço home office, disse que perdeu o dia de trabalho pela falta de energia. Além disso, ele afirma ter perdido os alimentos que havia guardado na geladeira. O morador diz que, em contato com a Enel, a empresa informou que recompensará os danos sofridos - mas ele duvida que isso ocorra.
As carnes já descongelaram e o leite estragou. A orientação da agência foi que abríssemos registro [de danos] após o retorno da luz, para solicitar o ressarcimento. Mas não tenho muita esperança de que realmente serei ressarcido, infelizmente.
A reportagem entrou em contato com a Enel para pedir um posicionamento sobre casos como o de Rafael, mas não obteve retorno.