“Me fez mal”, diz jovem que teve perfis falsos criados em site pornô

O caso é investigado pela Delegacia da Mulher de São Vicente, no litoral de São Paulo.

Laís teve o apoio da família durante o episódio | Reprodução/Facebook
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A estudante Laís Gomes Fernandez, de 20 anos, é mais uma das vítimas de crimes virtuais no Brasil. Assim como já aconteceu com mulheres famosas, como atrizes e modelos, Laís viu as suas fotos serem expostas de maneira indevida por conta de dois perfis falsos criados em um site de conteúdo pornográfico. O caso é investigado pela Delegacia da Mulher de São Vicente, no litoral de São Paulo.

Segundo Laís, que estuda Engenharia Mecânica, o alerta foi dado por um amigo da família. ?A minha mãe trabalha no comércio no Centro de São Vicente. Ela estaciona o carro há 10 anos no mesmo lugar e é amiga do dono. Um dia, ela foi buscar o automóvel e ele perguntou para a minha mãe se ela conhecia o site em questão. Minha mãe disse que não, então ele disse que tinham visto o meu perfil em um site pornográfico e passou o endereço para ela ver o que era. Quando eu soube, fiquei com muita raiva. O meu temor era que não acreditassem em mim?, diz.

Com a informação de que um perfil falso havia sido criado no site com conteúdo erótico, Laís tentou retirar a página com o seu nome do ar. ?Meu irmão conseguiu abrir o perfil e acessou as minhas fotos, sem colocar senha, sem qualquer dificuldade. Ele criou um perfil falso para tentar denunciar a página. Fizemos isso numa sexta-feira, só que não adiantou. No sábado de manhã nós olhamos de novo, mas as fotos continuavam lá e haviam comentários também. Depois, nós conseguimos o contato do advogado, por meio de um amigo do meu namorado, e ele me aconselhou a tomar providências?, conta.

Laís Gomes foi orientada pelo advogado José Roberto Chiarella, especialista em Direito Digital, a realizar o primeiro passo para remover o conteúdo, que era registrar em cartório que o perfil não era de sua autoria. ?Fizemos uma ata notorial em uma segunda-feira. Em dois dias ela estava pronta e levei até o advogado. Gastei quase R$ 400 para fazer isso, sendo que foi algo inventado, que eu não fiz. A partir disso, o advogado consultou um técnico em informática, que descobriu que o site em questão estava hospedado no estado do Texas, nos Estados Unidos. Mas eles tinham um escritório em São Paulo?, lembra.

Após tomar essas medidas, a jovem foi surpreendida com uma notícia dada pelo seu advogado: um outro perfil com fotos suas havia sido criado no site pornográfico. ?Quando ele me ligou à tarde, essa informação de um segundo perfil foi outra surpresa. Seis fotos minhas, três para cada perfil. Fizeram as coisas de um jeito para ficar feio para mim. Foi um aborrecimento, um nervoso muito grande. Só uma pessoa maldosa poderia fazer isso, alguém com o intuito de denegrir a minha imagem?, destaca.

Indagada se acredita em algum tipo de revanche pessoal no episódio, Laís garante que não sabe apontar quem teria sido o autor desse tipo de ação. ?As fotos são muito antigas. Tem uma que a minha mãe tirou e que eu não compartilhei com ninguém em celular, email, nada. Não sei se foi um vírus, mas o advogado acha improvável. Isso é algo mais comum para roubar senha de conta bancária, por exemplo. Não consigo imaginar quem tenha sido. Infelizmente, a gente suspeita de todo mundo nessa hora. O fato é que alguém fez isso de propósito. Quem pegou, não foi de ?bobinho?. Acho que foi premeditado?, afirma.

O advogado da estudante revela que as investigações continuam e que a expectativa é que o culpado seja localizado em breve. ?É algo que pode acontecer em curto, médio ou longo prazo, pois depende da polícia. Esperamos que isso seja resolvido no menor espaço de tempo possível. Acredito que devemos ter uma resposta dentro de um período de 90 até 100 dias?, comenta Chiarella.

De acordo com o advogado, após a identificação do responsável, o caso deve ser levado para a esfera cível. ?A polícia está investigando. Quando descobrirmos quem foi, vamos brigar. Acredito que alguém tenha criado para se vingar dela. O site não tem culpa, não podemos responsabilizá-los. Eles nos falaram que as informações de acessos só poderiam ser enviadas sob ordem judicial ou requisição por parte da polícia. Só que alguém fez isso e terá que responder por falsidade ideológica. Poderíamos acionar a pessoa criminalmente, mas é algo que poderia ser revertido em uma pena alternativa, como o pagamento de cestas básicas. Por isso, devemos ingressar com uma ação na área cível. Esse deve ser o caminho?, aponta.

Laís confirma que a sua intenção é ingressar judicialmente contra o causador desse dano à sua imagem. ?A ideia é punir a pessoa, para que isso não se repita. Se eu processasse criminalmente, quem fez poderia pagar em cestas básicas e ?morreu? o assunto. Só que todo o transtorno que me causou não vai morrer ali. O advogado me falou e, tanto eu quanto a minha família, concordamos que o melhor seria entrar com uma ação cível. O brasileiro só sente quando dói no bolso. Quero que o responsável pague pelo que me fez passar. Muita gente acreditou em mim, mas alguns ficaram com aquela desconfiança. Amigos na faculdade vieram me perguntar. Então, quero que a pessoa sinta o mal que ela fez e o quanto essa história toda me prejudicou. Me fez muito mal?, desabafa.

Por fim, a estudante destaca o apoio de sua família e namorado neste momento. ?Tenho que dar graças a Deus que nada disso tenha gerado suspeitas contra mim. Eu namoro faz algum tempo e não preciso marcar encontro ou sair com ninguém. Além disso, sou muito apegada à minha mãe e, felizmente, todo mundo acreditou que não fui eu. Meu pai ficou muito nervoso. Dei sorte, pois podia ter uma família muito rígida, que não acreditasse em mim. Isso já aconteceu com muitas pessoas?, ressalta Laís. Ela completa fazendo um apelo: ?A vergonha só sente quem faz. Se você não fez, tem mais é que reclamar, não pode ficar tímida. Coisas como essa não podem se repetir. Por isso, se a família acredita e os mais próximos também, isso é o que importa?, conclui.

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