Me chamavam de mongolóide, diz primeira professora Down do país

Além das aulas, Débora Seabra dá palestras sobre inclusão dentro e fora do País.

Débora ajuda na alfabetização de 28 crianças de seis e sete anos. | Arquivo Pessoal
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Hoje professora de alfabetização, Débora Seabra, 31 anos, não gostava de ir à escola. Portadora da síndrome de Down, ela foi alvo de bullying por anos na sala de aula.

? Falavam que eu era mongol. Mongolóide, sabe?

Mas por insistência dos pais - a advogada e fundadora da Associação de Síndrome de Down em Natal, Margarida Seabra e o médico psiquiatra José Robério ? ela nunca pisou em uma escola especial.

Para o casal, a escola para crianças especiais reforça a discriminação, que era ainda maior na época que Débora era criança, nas décadas de 1980 e 1990, quando ainda havia pouca informação sobre o Down.

Ela teve que encarar a escola e o preconceito dos colegas. Acabou gostando tanto do desafio, que se tornou a primeira professora com Down do Brasil.

? Eu me formei no magistério em 2005. Fiz estágio na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e sou professora há nove anos.

Agora, em um colégio particular tradicional de Natal, a Escola Doméstica, Débora ajuda na alfabetização de 28 crianças de seis e sete anos. E mais que isso: ajuda a acabar com qualquer tipo de bullying e preconceito.

? As crianças perguntam sobre o Down. Converso com cada uma delas e explico que o que tenho é genético e elas aprendem. Nunca me senti ofendida ou discriminada por elas.

A professora é querida por todos os alunos que adoram as aulas em que Débora usa as técnicas de interpretação que desenvolveu em três anos de teatro. Ela também é convidada para dar palestras dentro e fora do País.

? Quando posso, vou a eventos que ajudam a combater o preconceito. Eu também estou escrevendo um livro de fábulas inclusivas para crianças.

Débora é a primeira professora, porém não é a única vitória na luta pela inclusão de pessoas com Down nas escolas do Brasil. Entre já formados e recém-formados, outros 20 professores estão se inserindo nas salas de aula. Segundo a ONG Movimento Down, cerca de 50 ingressam em cursos profissionalizantes a cada ano.

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