Além do amor incondicional e de todas as emoções que cabem a uma mãe o direito de tê-los e exercê-los, estão também as oscilações de sentimentos vivenciados no dia a dia, num misto de tristezas, angústias, desafios, inseguranças, alegrias, realizações ou a falta delas, entre tantas outras experiências que a maioria das mulheres enfrenta em suas jornadas de mães. Sejam mães que recebem ajuda para criar os filhos, aquelas que trabalham fora de casa ou não, que criam os filhos sozinhas, enfim, todas elas sentem dificuldades das mais diversas possíveis, muitas vezes escondidas atrás de um sorriso ou de lágrimas que não são verbalizadas.
Mãe, avó, bisavó, costureira e dona de casa, Rosalina Valadão, de 73 anos, sabe muito bem o que é criar oito filhos, sendo que ela pariu 11, 8 deles estão vivos, em uma época em que as coisas eram ainda muito mais difíceis. Dona Rosalina conta que a filha mais velha possui 55 anos e a mais nova, 41 anos, todos com a sua própria personalidade . Segundo ela, alguns filhos reconhecem o valor dos pais, outros nem tanto.
As dificuldades começaram quando o marido, Carlos da Penha Valadão, ainda novo, trabalhava como carpinteiro. Ao sofrer uma descarga elétrica em cima de um telhado, ele perdeu um dos braços e a partir daí ela, que já era costureira, teve que vender verdura, para aumentar a renda da família e poder criar os filhos. "Não é fácil criar filhos, ainda mais antigamente, quando tudo era muito difícil. Chegamos a passar fome, para juntar dinheiro e poder comprar um pedaço de terra, para construir a nossa casa", diz Rosalina.
De acordo com ela, não é possível negar que ser mãe não é só glória, como muita gente acredita. Houve também dias tristes, como quando as crianças adoeciam, mau comportamento na escola, às vezes em casa mesmo, as dificuldades para alimentá-los, entre tantos outros dissabores que a vida lhe impôs.
Foram onze partos e todos nascidos vivos, mas três morreram ainda pequenos, segundo ela, por falta de acompanhamento médico. "Na época em que meus filhos eram pequenos, era muito difícil conseguir falar com um médico e comprar remédio também", lembra. Rosalina Valadão acredita ser uma pessoa muito sincera e sem nenhuma cota de cerimônia. Ela conta que se naquela época tivesse as facilidades de hoje para conseguir anticoncepcionais, ela teria tido apenas um único filho, no caso a primeira filha, que é seu xodó até hoje. Ela diz que se sente feliz porque também casou com a pessoa que ama. "Tenho 73 anos e não tenho inveja de nenhuma mulher de 30 anos porque elas não sabem do que eu sei. Elas não têm a experiência de vida que eu tenho", finaliza a costureira.
Karla Craveiro: Rotina incansável
A professora Karla Simone Craveiro da Silva, de 37 anos, tem um filho de 10 anos e outro de 5 anos. Sua rotina começa muito cedo para dar banho, arrumar e preparar o café das crianças e levá-las para a escola. Para facilitar sua vida e do seu marido, os garotos estudam no mesmo colégio.
A mãe do Augusto Neto (10) e do Ricardo (5) conta que é feliz pelos filhos e vive para eles, mas confessa que é difícil criar. São muitas noites em claro quando uma das crianças adoece. Muitas noites com internações em hospitais, acordar de madrugada para cumprir o horário do medicamento após alta hospitalar e a preocupação constante com todas as atividades do dia a dia.
"Temos que saber administrar o nosso tempo para conciliar a hora do meu trabalho e dar tempo de ir deixá-los na escola, na aula de reforço, dar mais um reforço meu em períodos de provas na escola para acompanhar, de perto, as notas escolares, fora os cuidados diários necessários, aponta Karla Craveiro.
Vaidade - É sabido que toda mulher deseja voltar a ter o corpo de antes de uma gravidez e a professora Karla não é diferente. Ela conta que depois do último parto, tem travado uma luta constante com a balança para tentar voltar suas formas de antes da gravidez. "Pensei que fosse mais fácil voltar à forma antiga. Quando encontro um tempo, faço academia e participo de algumas aulas de zumba, o que muitas vezes tenho que suspender para cuidar deles. Mesmo eu tendo muita ajuda das famílias materna e paterna, é muito complicado o dia a dia de uma mãe que trabalha e cuida dos filhos", resume.
Sonhos - Karla Craveiro diz ainda que o fato de ser mãe a impediu de, por exemplo, morar em outro estado, viajar e fazer outro curso universitário. "Já recusei várias propostas de emprego, para não passar ainda mais tempo longe deles. Já tive oportunidade de morar em outro estado mas por conta da escola deles, eu achei que iria atrapalhar o desenvolvimento escolar e também emocional deles. Já deixei de fazer algumas viagens, para não deixá-los muito tempo sem a minha presença. Mas tudo isso é compreensível porque o meu amor por eles é tão grande que vale a pena abdicar de tudo, para ficar com eles e vê-los crescerem de uma maneira saudável", finaliza. (L.M.)
Ô mãe, ajuda eu"
O fato de a mulher-mãe trabalhar em casa nem sempre é sinal de que ela tem mais disponibilidade de ficar mais tempo com o filho ou filhos. "É uma presença e ao mesmo tempo ausência. Eu trabalho em casa, mas o trabalho me absorve tanto, que só dou atenção para meu filho pequeno, à noite. O tempo que tiro para ele, é para ensinar as tarefas, o que dá um trabalho imenso, porque ele reluta em fazer as tarefas da escola, sozinho, mesmo as mais simples. Ele me chama e diz sempre,"O mãe, ajuda eu"", comenta a dona de casa e microempresária de uma bolaria, Célia Maria Veloso, de 44 anos.
O diferencial na vida de Célia Maria foi o fato de ter parido a primeira filha aos 22 anos de idade, a jovem, com 22 anos e está na faculdade de de Engenharia Civil. e aos 41 anos, ela engravidou e pariu um menino.
"É bem diferente ser mãe aos 22 anos e depois aos 41 anos. é como se fosse a primeira vez e o amor parece que aumenta ainda mais, talvez por conta do amadurecimento. a gente passa a ter outra visão de mundo. Meu filho pequeno é meu chamego. À noite, depois que termino o trabalho na bolaria, mesmo cansada, ainda brinco com ele de correr, pela casa, de carrinho, até a hora de ele dormir. É cansativo, dá muito trabalho criar filho, mas é um amor tão grande, que não dá para definir", diz a empresária.
Segundo ela, a maioria das mulheres quer ser mãe e o ofício tem muitos momentos de tristezas. O dia a dia de uma mãe, responsável é muito difícil. é difícil educar, alimentar bem, trabalhar e ser dona de casa e mãe, enfim, são muitas alegrais, mas também muitos dissabores. Célia Maria diz que não é perfeita como mãe, até por que a perfeição não existe em nenhuma situação, na vida.
"A gente nunca é perfeita como mãe. Sempre erro, tentando acertar. Mãe quer sempre o melhor para o filho.
A maior alegria na vida da Célia Maria foi quando ela recebeu a notícia, pelo médico do seu filho, de que ele não tinha uma doença degenerativa, como havia sugerido os primeiros exames. Um exame deu resultado positivo, o segundo exame foi duvidoso e o terceiro e mais eficaz deu resultado negativo,
A suspeita médica era a der que a criança tinha uma doença degenerativa, mas foi tudo alarme falso. "A maior alegria da minha vida, como mãe, foi saber que meu filho não tinha essa doença. Sou muito grata a Deus por isso e nunca vou esquecer do dia em que o médico falou que não era nada do que poderia ser", diz a dona de casa.
Ela diz também que tem abdicado de muita coisa por conta dos filhos, e só compra algo para ela, se for muito necessário, porque o que ganha como microempresária é somente para as necessidades dos filhos, mesmo tendo ajuda financeira do marido, que também ajuda em tarefas de casa. (L.M.)
Unidas por uma paixão em comum
Reginalda Costa e Amanda Costa, mãe e filha, são loucas uma pela outra, mas aprenderam a construir mais uma paixão em comum: o futebol. Ambas buscavam uma alternativa para praticarem esportes juntas e a paixão nacional falou mais alto a partir da dupla. Hoje elas são craques em uma escola de um clube de futebol de Teresina.
A jornada para buscar um esporte que as duas gostassem e pudessem praticar juntas se transformou em uma goleada em família. “O interesse pelo futebol começou quando a gente estava procurando uma atividade que as duas pudessem praticar. Mas nenhuma das duas gostava de academia. Os horários para outros esportes também era difícil, porque minha mãe trabalhava o dia inteiro e eu faço faculdade o dia todo. O futebol no horário da noite foi a melhor opção, porque ambas gostávamos e poderíamos fazer juntas”, conta Amanda.
A simples prática do futebol virou uma paixão em comum. “É um deleite muito grande estar presente na representatividade feminina, principalmente no atual cenário sociopolítico que está o Brasil. E o futebol é um esporte que está crescendo a participação feminina, mesmo antes sendo considerado exclusivamente masculino. Um exemplo disso é que muitas mulheres buscam clubes de ensino para formar turmas só de mulheres”, acrescenta Amanda.
Reginalda acredita que o esporte vai manter o elo de mãe e filha ainda mais forte. “Esse vai ser o primeiro dia das mães que vamos passar juntas, jogando futebol. Será inesquecível. As emoções, sensações, torcer juntas, vibrar juntas, sofrer pelo time juntas. É algo que nos une, afinal de contas, somos brasileiras e o futebol nos representa muito bem”, considera.