Os corpos das vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, começaram a ser enterrados na tarde desta quinta-feira (14) no Cemitério Municipal São Sebastião, na região central da cidade. O primeiro a ser sepultado foi o corpo do aluno Samuel Melquíades de Oliveira Silva, de 16 anos.
O caixão com o corpo do jovem foi levado sob aplausos. Samuel era desbravador da Igreja Adventista do Sétimo Dia e gostava de desenhar, segundo os amigos. Os amigos desbravadores acompanharam o enterro uniformizados.
"Foi para a glória de Deus que Samuel morreu. Eu queria nesse momento encontrar as palavras certas para confortar o coração de vocês. É contra as regras da natureza um pai enterrar um filho. Deus está ao lado dos pais nesse momento. Nós o veremos na glória, Samuel", disse pastor que conduziu a cerimônia.
Em seguida foram enterrados os corpos dos alunos Kaio Lucas da Costa Limeira e Caio Oliveira. Eles também foram aplaudidos por amigos e familiares que acompanhavam o sepultamento.
O quarto corpo enterrado foi o da inspetora Eliana Regina de Oliveira Xavier, de 38 anos, que trabalhava desde 2016 na escola. Familiares pediram para que o caixão fosse aberto para olhar o rosto dela pela última vez antes de o corpo ser enterrado – também sob aplausos.
O quinto e último corpo, de Cleiton Antônio Ribeiro, 17, chegou ao cemitério no início da noite desta quinta (14). Os pais do menino choraram, abraçados, e saíram amparados do enterro do filho, o único do casal. A primeira filha deles morreu antes de o menino nascer. A mãe levava Cleiton na escola todos os dias.
"Ele era muito querido, nós não tínhamos nenhum problema com ele. Era um menino tímido, um menino super educado, focado, agora, nos estudos. Ele fazia jiu-jitsu e cursinho. A gente conversava muito, ele procurava links para estudar, matérias, coisas que ele achava interessante ele compartilhava com os primos. Sempre muito tímido, muito querido", narrou a prima de Cleiton, Roseli Ota.
Ela contou que ajudou o menino a montar um currículo. "Ele queria fazer Direito, mas já estava mudando de ideia", disse.
Ronaldo Jesus Conceição, 44 anos, professor e primo de Cleiton, disse que a família acredita que ele tenha se despedido da mãe no dia do atentado.
"O pai vendeu um terreno para custear a faculdade dele. Os primos mais velhos como eu estávamos incentivando ele para continuar a estudar e dando dicas para ele ser um menino de sucesso. Todo mundo gostava dele. Não tinha nenhuma inimizade, fazia o bem, era sorridente e carinhoso com os pais. Ele dava um beijo na mãe todo dia antes de sair para a escola. No dia do ocorrido ele deu dois, a gente achou isso surpreendente, ele deu um beijo como o de costume e o outro para se despedir. Ele estava muito feliz porque o pai ia fazer uma festa dele de 18 anos no aniversário em dezembro. Ele estava esperando tudo isso", contou.