Cerca de 61% das pessoas que compõem a força de trabalho no mundo atuam de maneira informal. É o que aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira (13) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com dados de 2018. Segundo a pesquisa, o número de pessoas trabalhando na economia informal é de cerca de 2 bilhões de pessoas.
O levantamento mostra ainda que, entre as pessoas que estão trabalhando, mais da metade (52%) são assalariadas, enquanto 34% atuam por conta própria. Outros 11% ajudam em trabalhos familiares, e apenas 3% estão na categoria “empregadores”.
Nessa divisão por categorias, as pessoas que atuam por conta própria se destacam no mercado da informalidade. Entre elas, 85% estão no mercado de trabalho considerado “informal”. Já entre os assalariados, são cerca de 40%.
"É importante notar, porém, que a formalidade não é garantia de escapar da pobreza e que os trabalhadores informais não se limitam a ser pobres", complementa a organização.
Os dados da pesquisa da OIT se referem ao mercado de trabalho no mundo todo, mas também refletem a situação no Brasil. Em 2018, a soma de pessoas trabalhando por conta própria ou no mercado informal seguiu acima da quantidade de empregados com carteira assinada, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Ao final do ano passado, o Brasil tinha 33 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada (sem considerar empregados domésticos). Outras 11,5 milhões estavam atuando sem carteira, e outras 23,8 milhões, por conta própria.
Mais Pessoas Inativas
A pesquisa da OIT aponta que a proporção de pessoas que fazem parte da força de trabalho vem caindo nos últimos 25 anos. Atualmente, o número de pessoas com idade de trabalhar é de 5,7 bilhões de pessoas em todo o mundo. Entre elas, 3,3 bilhões estão empregadas, enquanto os desempregados são 172 milhões. Outros 2 bilhões de pessoas, aproximadamente, estão fora da força de trabalho.
Na divisão por idade, esse fenômeno de redução na participação na força total de trabalho é ainda mais acentuado entre pessoas com idade entre 15 e 24 anos – o que aponta uma melhora nos índices de frequência escolar dos jovens, segundo a OIT. Entre 2013 e 2018, a participação das pessoas nessa faixa etária na força de trabalho diminuiu 2,2 pontos percentuais, um recuo bem maior que a queda de 0,5 ponto percentual da média total.
A OIT indica ainda que o aumento das oportunidades de aposentadoria e expectativa de vida também ajuda a explicar a redução da proporção de pessoas na força de trabalho. Embora essa seja uma boa notícia, o cenário aumentou a situação que o relatório menciona como “taxa de dependência” – a relação entre o número de pessoas trabalhando e as que são economicamente inativas. Isso, ainda segundo a OIT, torna necessárias discussões sobre a “organização do trabalho e distribuição de recursos na sociedade”.
"Terceiro, uma força de trabalho cada vez mais envelhecida desafia a capacidade dos trabalhadores para acompanhar o ritmo da inovação e mudanças estruturais no mercado de trabalho."
Jovens que nem trabalham e nem estudam
Apesar de mencionar uma melhora no número de matrículas escolares entre os fatores que podem explicar o aumento da quantidade de jovens inativos no mercado de trabalho, a pesquisa a OIT aponta também que a proporção de jovens que nem trabalham e nem estudam segue preocupante. Os dados da OIT mostram que, em cada 5 jovens (com idade inferior a 25 anos), 1 não está no mercado de trabalho e nem estudando.
Desigualdade entre homens e mulheres
O relatório também apresenta diferenças entre as condições do mercado de trabalho para homens e mulheres. Segundo o levantamento, enquanto 75% dos homens participam da força de trabalho, entre as mulheres essa proporção é de 48%. O número significa que, de cada 5 pessoas que trabalhavam em 2018, 3 eram homens.
A OIT também mostra que, ainda que as mulheres sigam mais vulneráveis ao desemprego que os homens, elas são minoria nas ocupações informais. Enquanto, entre elas, 58% estão atuando sem formalização, entre eles a proporção é de 63%.