Dezessete dias após dar à luz, Bruna Nascimento Soares, de 21 anos, pôde, finalmente, ter a pequena Maria Clara nos braços. O intervalo entre o parto (14 de agosto), e o reencontro, anteontem, 31 de agosto, foi marcado por sentimentos contraditórios: da alegria da maternidade à descoberta de que a criança que chamava de filha era, na verdade, de outra mãe. Tranquila após tempos de angústia, Bruna relata uma troca de bebês, ocorrida na Clínica São Silvestre, de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro:
- Nem sei dizer o que passou pela minha cabeça. A criança não pegava no peito, me arranhava, como se soubesse que eu não era mãe dela - relembra a jovem, que completa: - A outra mãe viu meu nome na pulseirinha que estava com o bebê e desconfiou, procurou o hospital, e eles entraram em contato comigo.
Na última terça-feira, Bruna recebeu a ligação do Doutor Fábio Farah, médico que cuidou das duas mulheres. Ciente da possibilidade de ter havido uma troca, aceitou fazer um exame de DNA, cujo resultado confirmou ser ela a mãe do bebê que estava com Tatiane Nascimento Santos. Procurada, Tatiane não quis se manifestar sobre o assunto.
- No dia da troca, a gente conversou. Quando ela tirou a manta do rosto da minha filha, vi que parecia com minha família. Choramos muito. Peguei o contato dela, pedi para ver a outra neném. Ela também pediu para visitar a minha - ressalta Bruna, ao lado do marido, o motoboy Thiago Canela da Costa, de 22: - Cheguei a pensar que queriam sequestrá-la, esse negócio de tráfico de bebê...
Procurada, ninguém na Clínica São Silvestre se posicionou sobre o assunto. Bruna se assusta ao perceber que poderia ter criado outra menina no lugar da filha biológica, e já contratou um advogado para processar a unidade.
- Eu amava a menina como se fosse minha. Toda a família já havia se apegado, agora tenho que ficar explicando o que aconteceu, mas nem eu acredito. Imagina se a outra mãe não desconfiasse?