No Rio Grande do Sul, foi internado, nesta segunda-feira (5), em um hospital público de Pelotas, um jovem viciado em crack. A mãe dele, que não conseguia interná-lo, admitiu que comprava a droga para o filho não sair de casa.
O jovem de 21 anos esperou durante um mês pela vaga em um hospital psiquiátrico. A resposta era de que todos os leitos estavam ocupados. A internação só veio depois que a mãe admitiu comprar a droga para manter o filho longe das ruas.
?Foi um ato de desespero. A mãe que tem um filho drogado sabe o que é isso, o que é ver o filho querendo quebrar tudo, ameaçando sair para rua, com medo de o filho morrer?, diz a mãe.
Usuário de crack há cinco anos, o rapaz chegou a ser internado duas vezes. A mãe disse que só tomou a medida porque o filho foi ameaçado de morte por traficantes.
O psiquiatra Pedro Ferreira diz que a atitude da mãe só aumentou a dependência do filho. ?Dar a droga do tipo que ela deu, que é um tipo de subproduto da cocaína, destrói o cérebro, destrói o comportamento e só aumenta a compulsão. É como querer apagar o incêndio usando gasolina?, afirma.
Em outubro do ano passado, outra mãe, em Pelotas, construiu uma cela dentro de casa para que o filho não conseguisse mais comprar crack. O rapaz havia passado por sete internações.
A dependência do crack já é o maior motivo de internação no principal hospital psiquiátrico do Rio Grande do Sul. No local, os 30 leitos para desintoxicação de dependentes químicos chegam a ficar totalmente ocupados apenas por usuários de crack.
A falta de uma rede de atendimento é a principal dificuldade. O psiquiatra Luiz Coronel, da Secretaria de Saúde do estado, diz que a família precisa garantir uma internação, mesmo que seja através da Justiça. ?Se não consegue, deve acionar o poder local ou o poder estadual. É um direito do cidadão e um dever do estado. É uma missão para os técnicos de saúde mental."
Em Pelotas (RS), o jovem vai ficar internado por 30 dias. Depois disso, a prefeitura se comprometeu a dar assistência para toda a família.