A dona de casa Patrícia Gonçalves Ferreira, 38 anos, pede que a Prefeitura de Campo Grande cumpra o que foi acordado e custeie o tratamento da filha de 5 anos, que ficou cega do olho direito após perfurá-lo no alambrado da quadra da escola municipal onde a menina estuda. O acidente ocorreu há três meses.
A assessoria de imprensa do Executivo afirma que "tem dado toda assistência tanto para criança, quanto à família". A prefeitura diz também que "foram dadas assistência médica, por meio de cirurgias e todos os procedimentos necessários".
Último laudo médico, datado de 25 de novembro, diz que a criança pode precisar de mais uma cirurgia, que a cegueira é irreversível e que pode até perder o globo ocular devido ao deslocamento da retina.
Segundo Patrícia, no dia 28 de agosto, a filha brincava na quadra da escola quando perfurou o olho no alambrado que cercava o espaço. A criança foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), fez cirurgia custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e foi verificada a necessidade de acompanhamento médico.
Segundo a mãe, a direção da escola acompanhou a família no hospital e, no dia seguinte, o secretário municipal de Educação, José Chadid, foi à unidade de saúde, conversou com os médicos e orientou Patrícia a procurar um especialista, indicando até o nome. Desde então, conforme a dona de casa, Chadid não procurou mais a família.
No dia 30 de agosto, a criança teve alta da Santa Casa e, no dia 6 de setembro, consultou com o oftalmologista indicado pelo secretário. O especialista determinou a realização de cinco procedimentos em um único dia.
Conforme a dona de casa, o oftalmologista falou que a cirurgia deveria ser feita até o dia 11 e que custaria R$ 17 mil. Patrícia saiu da clínica particular com o orçamento e só teve resposta de que a Prefeitura pagaria os cinco procedimentos no dia 10.
A cirurgia foi realizada, no entanto, a dona de casa fala que o pagamento ainda não foi feito, pois, apesar da administração municipal ter afirmado que iria pagar, ela foi cobrada pela clínica.
Ainda segundo Patrícia, o Executivo custeou consultas pré-operatórias: com pediatra, anestesistas e cardiologista, que totaliza, cerca de R$ 550. Depois disso, deu à família uma cesta básica e indicou tratamento psicológico.
Patrícia conta que foi ao local indicado para terapia pós-trauma, no entando, só teria vaga na segunda quinzena de outubro e, diante disso, a filha faz tratamento em clínica particular. "A consulta é R$ 80. A psicológa fez para gente por R$ 40. Nós estamos arcando com tudo. Seria necessário mais de uma vez por semana, mas só temos condições para uma."
A mãe da menina fala também que pagou, com ajuda de familiares e de amigos, R$ 2,5 mil para retirada dos pontos da primeira cirurgia da filha. "O SUS oferece, mas só tinha vaga para depois de 21 de novembro. Minha filha com risco de infecção. O que eu ia fazer?"
A família também paga as consultas médicas particulares. Eles têm plano de saúde e desembolsam R$ 150 a cada 15 dias. A menina precisa de acompanhamento oftalmológico semanalmente.
Segunda Patrícia, o custeio da cirurgia já incluia consultas pós-operatórias e, por enquanto, ela teve que desembolsar com a visita médica semanal, R$ 300. Medicamentos também são custeados pela família.
Escola
Patrícia fala que não tem mais confiança na escola e, quando a filha quer ir ao colégio, fica lá com ela. "Fico lá das 7 às 11 da manhã." Ela e o marido, Jerson Roda, 50 anos, fala que amigos da pequena perguntam a ela sobre o acidente e isso a deixa constrangida.
Justiça
O advogado Leonardo Gasparini Nachif diz que a família pretende acionar a Justiça com ação de obrigação de fazer. "Para que o município custeie o tratamento."
Segundo Nachif, também deve ser impetrada ação de indenização de danos morais, estéticos e de restituição dos valores pagos.
Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura fala que "todos os custos, incluindo as cirurgias ficaram sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação."