As mães não abrem mão de um cuidado e amor sem limites aos filhos e não pensam duas vezes antes, diante de qualquer barreira, optar pelos filhos. Mas a psicóloga Lígia Cronemberger lembra que elas não podem esquecer de suas outras dimensões, que são profissionais, esposas e mulheres, por exemplo.
"Muitas delas acabam separando-se dos maridos, ou deixam seus trabalhos e até de si. Onde trabalho, encontramos mulheres, que notadamente, já nem se preocupam com suas aparências.
Elas não podem esquecer de si mesmas, em nome de uma super-proteção aos filhos, porque isto também prejudica o desenvolvimento das crianças, em suas autonomias", explica a psicóloga.
Lígia conta que uma parte importante no tratamento dos filhos se inicia com terapias com as mães. As mães neste momento, se afastam um pouco dos filhos, não podem levá-los para as conversas.
"Esta já é uma forma de confiar seus filhos para ficar com outra pessoa da família. É o que chamamos de uma quebra do vínculo simbiótico, como se cortasse o condão umbilical, pela segunda vez", conta a psicóloga.
Lígia relata que é como se ainda existisse um cordão umbilical externo, que é preciso ser cortado. "Trabalhamos no sentido, de que estas mães também tem vida e precisa estar bem para cuidar do outro.
Esta proteção com filhos precisa ter limites", diz. Ela diz ainda que esta prerrogativa não serve apenas para mães de crianças especiais, mas para todas as mães, que em geral sofrem variados problemas para conjugar os verbos amar, trabalhar e viver mesmo com filhos.
Com a evolução de sua filha, Lígia já faz planos de voltar às salas de aula à noite, pois também precisa de recursos financeiros para cuidar de Gabriela. Em geral, a sociedade exige maiores responsabilidades das mulheres, pois nos dias de hoje é difícil uma família sobreviver apenas com a renda paterna.
No entanto, as as exigências não vêm acompanhadas de mudanças no comportamento do mercado, tão pouco da postura da sociedade, que em geral encara a tarefa de cuidar dos filhos como uma obrigação materna.
"As mães não podem esquecer que são profissionais, até porque precisam garantir uma boa qualidade de vida dos seus filhos e isto só é possível se a mães dispuser de condições para trabalhar", reforça Lígia.