A empresária Ana Maria Aranha, de 58 anos, de Capivari, no interior de São Paulo, é ao mesmo tempo mãe e avó dos pequenos gêmeos Pedro Henrique e João Lucas, de 3 meses e 8 dias. Evangélica, ela enfrentou a resistência religiosa e "emprestou" o útero para gerar os filhos de seu próprio filho, Luis Henrique Aranha, de 32 anos, e do parceiro dele, Gustavo Salles, de 26, casados há mais de cinco anos. Os dois agora se revezam nos cuidados com os meninos, sob o olhar atento da mãe-avó.
A história que emociona os 53 mil moradores da cidade onde a família é bem conhecida, começou quando Gustavo, o Gutto, sugeriu a Luis que adotassem um filho. "Eu não via a hora de ser pai, mas não conseguimos adotar, então pensamos na barriga solidária", contou.
Quando o casal começou a procurar pela mulher, dona Ana se ofereceu. "Queria ajudá-los de qualquer forma, mas tinha o problema da idade." Gutto entrou em contato com uma clínica de fertilização em Campinas, e o médico disse que era possível. Para isso, teria que estimular o útero da mãe, que já entrara na menopausa.
O tratamento devolveu a elasticidade ao órgão, segundo o filho. "Era como se ela tivesse ficado mais jovem e, embora não tivesse condições de produzir óvulos, poderia receber a inseminação e ter os bebês."
Para a inseminação, foram usados óvulos de uma doadora anônima, pois a lei não permite a doação por pessoa com vínculo afetivo ou familiar. Dos oito óvulos fecundados com esperma dos dois pais, foi escolhido um de cada para a inseminação, realizada em fevereiro de 2016.
Em março, usando um kit vendido em farmácia, mãe, filho e genro tomaram conhecimento da gravidez, depois confirmada por exame clínico. "Foi um momento de muita alegria", disse Luis.
Filho e genro se desvelaram em cuidados com a mãe durante a gravidez que, segundo Ana Maria, foi bem tranquila. "Tive diabete gestacional, mas foi controlada com alimentação correta."
O parto, uma cesariana, foi realizado no dia 5 de outubro de 2016. João Lucas nasceu primeiro, com 2.32 kg, e em seguida Pedro Henrique, com 2,34 kg.
Com o atestado do hospital e a certidão de união estável entre os pais, os bebês foram registrados em nome de Luis e Gutto. Os dois se revezam nos cuidados com os filhos.
"À noite, quem acorda é o Gutto, mas se os dois bebês acordam juntos, aí ele pede ajuda para mim", disse Luis. Gutto, que é cantor e analista de marketing, confirma que as crianças são bem tranquilas.