Em um pa?s onde a mis?ria ainda predomina, de forma assustadora, principalmente nas periferias das grandes cidades, ainda existem, embora raro, casos de mulheres que continuam parindo um filho a cada ano e construindo uma grande prole, onde o futuro das crian?as ? algo incerto.
O fator econ?mico ? determinante na vida dessas pessoas, que al?m de n?o terem uma educa??o de qualidade, tamb?m n?o t?m um local de moradia digno e muito menos uma alimenta??o adequada.
Um exemplo dessa natureza existe sim, e est? muito pr?ximo. Em Timon, munic?pio do Maranh?o, cidade vizinha a Teresina, a dona-decasa, Maria Francisca dePaula, de 48 anos, uma verdadeira hero?na, ? m?e de dezesseis filhos, vivos, e de mais tr?s que morreram com poucos dias de nascidos. E de acordo com ela, apenas tr?s dos filhos s?o maiores
de idade e j? t?m suas fam?lias.
E pasmem, ela conta que fez cirurgia de laqueadura, h? cerca de dois anos, mas est? gr?vida de quatro meses, ou seja, ela vai parir seu vig?simo filho. Maria Francisca diz sorrindo, que est? achando sua barriga muito grande e acha que podem at? ser dois beb?s, porque sua barriga, segundo ela, com toda sua experi?ncia, parece ser de oito meses de gesta??o. Mas ela n?o tem certeza, porque o pr?-natal ? feito da forma
como ela pode, ir ao m?dico e n?o como deveria ser feito, ou seja um acompanhamento mensal. Nada de t?o anormal, mesmo em se tratando
de uma nordestina leg?tima, se n?o fosse a precariedade em que vive a fam?lia de Maria Francisca. Numa probreza total e desumana.
Ela diz que casou aos dezessete anos e de l? para c?, n?o parou mais de parir, ou seja, em trinta e um anos de vida conjugal, ela pariu dezenove filhos e est? gr?vida do vig?simo. A fam?lia mora em um pequeno casebre de taipa, coberta com telha, com uma sala min?scula, tr?s cub?culos que ela chama de dormit?rios e uma cozinha, onde cabe apenas um fogareiro, uma esp?cie de fog?o ? carv?o.
No quintal existe uma privada feita com um buraco e que desabou recentemente. A fam?lia toma banho num canto qualquer do quintal, onde existe uma torneira, gra?as a Deus, com ?gua canalizada. Por?m, filtro para filtrar ?gua para as crian?as, que ? bom, Maria Francisca desconhece. As crian?as andam na maior parte do tempo descal?as e sem,
ou com pouca roupa.
O pai da prole, Ant?nio de Paula, de 53 anos, sustenta a fam?lia com a renda das vendas de frutas, que ele comercializa nas imedia?es da Pra?a da Bandeira, pr?ximo ao INSS. Sua mulher relata que o marido passa o dia andando de um lado para o outro, para ?fugir? dos fiscais da prefeitura, que n?o permitem ambulantes n?o cadastrados, comercializarem seus produtos, em meio aos ambulantes oficializados. Outra renda que complementa o ?or?amento? dom?stico s?o cento e treze
reais do Bolsa Fam?lia.