Uma idosa de 70 anos de Casa Branca (SP) dorme há um mês no banheiro para evitar o contato com o filho viciado em crack. O homem de 30 anos chega em casa alterado e a mãe teme novas agressões. Ela tenta interná-lo, mas não consegue vaga. O Departamento Municipal de Saúde e Medicina Preventiva da cidade afirmou que busca um lugar para o tratamento do rapaz e que entrará em contato com a família ainda esta semana.
Toda noite, por volta das 21h, a aposentada Eva de Jesus Alves Marcelino se tranca no banheiro e permanece lá até as duas horas da madrugada, quando o filho retorna da rua. ?Eu tranco a porta e tento dormir sentada em uma cadeira. Foi a solução que encontrei para ele não ficar me pedindo dinheiro ou me obrigar a ir à rua para pedir?, relatou.
A idosa, que sofre com problemas de saúde, como hipertensão e diabetes, convive com esse problema do filho há anos. Ele começou a consumir drogas aos 14 anos. Primeiro experimentou maconha, depois passou a consumir cocaína e faz uso do crack. A mãe disse ainda que já sofreu agressões algumas vezes, como empurrões.
?Ele dá trabalho o dia todo, já não tem medo da polícia. Na segunda-feira (20) ele saiu com uma faca na rua ameaçando as pessoas por dinheiro, já não sabemos mais o que fazer?, contou a cunhada do rapaz, Sandra Aparecida Lima, de 30 anos.
Dona Eva mora com o filho e uma filha de 50 anos no bairro São Bernardo. Na casa, quase não há móveis, porque o rapaz vende tudo para comprar drogas. A mãe já perdeu televisão, câmera fotográfica, fogão.
?Ele tirou até o botijão de gás e deixou ela sem comer. No domingo (19), ela comprou um quilo de costelinha de porco, ele pegou a sacolinha e vendeu. Não sei como as pessoas conseguem comprar isso, sabendo que ele está tirando de casa?, relatou a nora. Segundo ela, o cunhado já chegou por diversas vezes só de cuecas em casa após vender a própria roupa que vestia.
Prisão
Sandra disse que o cunhado já foi preso algumas vezes por roubo e furto. Na última vez, entrou em uma padaria do bairro e levou um pote de iogurte sem pagar. Ficou detido um ano e ganhou a liberdade há dois meses e meio. De lá para cá os problemas recomeçaram e a situação piorou.
Dona Eva tem seis filhos. Dois deles moram no fundo do mesmo terreno. Os filhos também temem pela segurança da mãe, mas não conseguem fazer nada quando o irmão chega em casa alterado. Apesar da situação, a idosa, que é viúva há 15 anos e recebe uma pensão de R$ 678, não quer deixar a residência onde vive porque tem medo que o filho dê fim ao que restou.
?Eu tenho medo de sair e deixar ele. Ele não faz uma comida e na rua ele não tem. Queria mesmo uma internação e que ele saísse de lá somente quando estivesse curado. Tenho fé de que isto pode acontecer?, disse a mãe.