Numa rua estreita, de terra batida, à beira de um valão no bairro Jardim Palmares, em Nova Iguaçu, na Baixada, uma casa está em festa. Enquanto aguardam a volta do operário Eduardo Leite da Silva Costa, sua família comemora a pronta recuperação do operário, que teve a cabeça atravessada por um vergalhão de dois metros na obra em que trabalhava, em Botafogo, Zona Sul do Rio.
- Foi milagre! Quando soube que meu filho estava naquela situação, não imaginei que ele fosse sair vivo.
Até agora não estou acreditando - emociona-se a mãe do rapaz, a dona de casa Maria Leite da Silva Duarte, de 56 anos, mostrando fotos do filho antes do acidente.
Eduardo é o segundo mais velho de quatro irmãos. Dois trabalham como motoqueiros, entregando remédios numa farmácia. Outro é arrumador num supermercado da região. Ele foi o único que seguiu a carreira do pai, o ladrilheiro Francisco Serafim Duarte Neto, e foi trabalhar com obras há cerca de cinco anos. Começou na obra de Botafogo no ano passado e ganhava um salário mínimo.
Eduardo foi operado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, pelo cirurgião Ivan Sant?Ana, que, como o operário, teve uma infância humilde (leia, abaixo, a entrevista com o médico).
Com a renda, Eduardo mantém a casa, no Jardim Nova Era, também em Nova Iguaçu, onde mora com a esposa, a dona de casa Lilian Regina da Silva, e os filhos, Marcos Eduardo, de 4 anos, e Samuel, de 1 e oito meses.
- As coisas que ele mais gosta são ficar com os filhos, em casa, brincando, e assistir ao jogo do Flamengo. Não vejo a hora de ele voltar, para eu dar um abraço gostoso - sonha a mãe.
Na tarde de ontem, ela já estava mais calma depois que Eduardo mandou um recado, avisando que estava bem, por meio da mulher. Na saída do Miguel Couto, Lilian chorou ao lembrar a declaração de amor que recebeu do marido, durante a visita:
- Agora, estou aliviada!