O vício em crack fez com que uma mãe acorrentasse o filho, de 12 anos, dentro de casa, no bairro Caramuru, em Cariacica, Grande Vitória, há uma semana. Ela alega que tomou a decisão porque a criança comete furtos para comprar a droga. Após uma denúncia, a polícia esteve no local e explicou que a atitude caracteriza crime de cárcere privado. Agora, ela luta por uma vaga de internação compulsória para a criança. Um programa de internação do governo do estado informou que atende a criança.
Na semana passada, Andreia Franco Rodrigues comprou uma corrente de aproximadamente dois metros e dois cadeados para prender o filho e tentar mantê-lo em casa. Segundo a mãe do menor, o vício começou com a maconha. "Ele fugiu de casa porque eu peguei ele fumando maconha. Ele veio me agredir, eu não aceitei a agressão e corrigi ele. Então ele fugiu de casa e foi morar com o pai", contou a mãe, Andreia.
A criança contou que foi o próprio pai quem ofereceu crack para ela. Viciado, ele passou a furtar para sustentar o vício. "Roubou cartão de crédito, roubou dinheiro, roubou um celular da minha vizinha. Enquanto ele estiver roubando parentes, a família releva, mas os outros na rua não relevam. O meu medo é ver ele morto, eu não quero ele morto", desabafou a mãe.
No entanto, na última terça-feira (10), uma denúncia anônima levou a polícia ao local. "A polícia esteve aqui, viu que a criança estava realmente acorrentada, mas viu que ela tinha acesso livre a banheiro, banho, água, comida. Mas pediram para desacorrentar porque era cárcere privado. Eu falei "eu faço o que com meu filho se ele fugir?". Vai ser mais um na estatística", disse.
A mãe contou que o menino já esteve em uma comunidade para dependentes químicos, mas fugiu. Ela, que também já foi usuária de crack, garante que é possível vencer o vício, mas que, para isso, precisa de auxílio. "Eu quero que o órgão competente arrume uma vaga de desintoxicação para ele. A juíza me explicou que, pela idade dele, é difícil, porque as clínicas só pegam a partir dos 18 anos. Eu quero uma vaga, não quero ver meu filho morto, estou desesperada", disse.
A Rede Abraço, um programa do governo do estado e que atende usuários de drogas, informou que também atende crianças. Em menos de um mês de funcionamento, 175 pessoas foram acolhidas em comunidades terapêuticas do estado.