Maconha combate de forma agressiva o câncer no cérebro, aponta estudo

Maconha encolhe drasticamente forma agressiva de câncer no cérebro, aponta estudo

Maconha | Reprodução
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Nos últimos anos, pesquisas têm revelado que a maconha é capaz tanto de destruir certas células cancerígenas quanto de reduzir o crescimento de outras.

Agora, um novo estudo, realizado em um grupo de ratos, descobriu que quando combinada com um tratamento de radiação, a maconha pode encolher efetivamente um dos tipos mais agressivos de tumores no cérebro.

Em um artigo publicado na Molecular Cancer Therapies, pesquisadores da Universidade de St. George descreveram "reduções dramáticas" em tumores glioma de alto grau, uma forma mortal de câncer no cérebro, quando tratados com uma combinação de radiação e dois compostos diferentes da maconha, também conhecidos como canabinoides.

Em muitos casos, os tumores encolheram para um décimo de seu tamanho, se comparados aos do grupo de controle.

"Nós mostramos que os canabinoides são capazes de desempenhar um papel relevante no tratamento de um dos cânceres mais agressivos em adultos", escreveu dr. Wai Liu, um dos principais autores do estudo, em um artigo. "Os resultados são promissores... eles poderiam oferecer uma forma de romper com o glioma e salvar mais vidas."

Em um e-mail para The Huffington Post, Liu indicou que a pesquisa em torno das propriedades anticancerígenas da maconha não seja nenhuma novidade, mas sua equipe é a primeira a documentar o seu efeito sobre a doença quando usada juntamente com radiação.

"Os resultados mostraram que o efeito final era superior à soma dos componentes", ele disse. "Nós esperamos que esses resultados influenciem o início de testes formais dessa combinação em humanos.”

Liu e seus colaboradores examinaram ratinhos que tinham sido infectados com glioma e, subsequentemente, trataram alguns apenas com radiação e outros em combinação com dois níveis diferentes de compostos de cannabis: o tetraidrocanabinol (THC), um composto psicoativo, associado com a sensação de "ficar alto", e o canabidiol (CBD) que não produz efeitos colaterais psicoativos.

Eles descobriram que os tumores tiveram melhores resultados ao serem tratados com baixas doses de ambos, THC e CBD, que ao serem usados em conjunto deixaram os tumores mais receptivos ao tratamento com radiação.

"Nossos dados sugerem que a abordagem dessa ‘ameaça tripla’, usando os três componentes, poderia ser valiosa", disse Liu ao HuffPost.

Os pesquisadores também descobriram que juntas, as baixas doses de THC e CBD produziam um efeito semelhante ao de uma grande dose de qualquer um dos compostos, o que é notável, pois indica que os pacientes poderiam apresentar menos efeitos colaterais.

O THC e o CBD são apenas dois de dezenas de compostos químicos encontrados na planta cannabis. Embora as pesquisas em torno dos efeitos terapêuticos destes compostos tenham sido limitadas, uma equipe de cientistas do Reino Unido, no ano passado, descobriu que uma combinação de seis canabinoides são capazes de matar as células cancerígenas encontradas em indivíduos com leucemia.

Entretanto, quando utilizado sozinho, como forma de tratamento, o THC demonstrou que é capaz de reduzir o tamanho de outros tumores cancerígenos e parar a propagação do HIV, e as cepas do CDB da maconha têm tido um efeito profundo em crianças e adultos que sofrem com distúrbios convulsivos debilitantes.

Apesar dessas descobertas, a maconha ainda é classificada como uma droga de Classe I nos Estados Unidos, ou seja, o governo federal acredita que não tenha nenhum valor medicinal.

O Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA) cultiva uma limitada quantidade de maconha no Mississippi que é usada para pesquisas sancionadas pelo governo. Enquanto os críticos há muito tempo acusam o NIDA de apenas financiar experimentos que examinam os efeitos negativos da substância, a agência já realizou vários estudos que analisam seus potenciais benefícios.

Embora 23 estados e o Distrito de Columbia já tenham legalizado a maconha para fins terapêuticos, muitos especialistas argumentam que a falta de estudos sobre a maconha, regulamentada pelo governo federal, limita a compreensão de médicos e cientistas de todos os benefícios terapêuticos da planta, o que ocasiona uma atitude de tentativa e erro no tratamento.

"Você pode encontrar publicações dos anos 70 e 80 que mostram que o canabidiol puro é um anticonvulsivo," disse Catherine Jacobson, diretora de pesquisa da Fundação de Epilepsia, ao HuffPost no mês passado". E aqui estamos nós, 40 anos depois ainda não temos nenhuma informação nova a respeito".

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