O combate à exploração infantil e aos crimes de pedofilia deve ser prioridade do governo e da Justiça no Brasil, defenderam juristas, especialistas e militantes que participaram do ?5º FOR-JVS - International Forum of Justice? (Fórum Internacional de Justiça), que teve início na última quinta (13) e acabou no final da manhã deste sábado (15), em São Paulo.
Para o presidente do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), desembargador Antonio Carlos Viana Santos, o medo de se expor ainda inibe grande parte das vítimas de abusos sexuais. O desembargador comandou uma mesa de debate sobre o tema na última sexta, e destacou a importância de ?endurecer? a luta contra a pedofilia.
- A grande dificuldade é que quem é agredido demora a exteriorizar. [...] A vergonha é igual à da mulher quando acontece o estupro.
Já a advogada Roseane Miranda, criadora do primeiro site para denunciar abusos contra crianças, diz que é preciso uma legislação específica sobre a internet que aborde a questão ? já que a web é uma das principais armas usadas pela ?máfia da pedofilia?. O deputado estadual José Bruno (DEM), fundador da CPI da Pedofilia em São Paulo, também esteve no encontro e defendeu que o país tenha uma delegacia especializada em atender crimes contra menores.
Outros crimes
O tráfico internacional de pessoas foi outro destaque do fórum. Segundo o presidente da Conamp (Associação Nacional de Membros do Ministério Público), César Mattar Júnior, é crescente o número de jovens brasileiras escravizadas sexualmente no exterior, sobretudo em países da Europa.
- Não existem dados porque, afinal, é uma prática ilegal. Mas estima-se que o tráfico internacional de pessoas movimente, anualmente, cerca de US$ 50 bilhões em todo o mundo.
Considerada uma das grandes responsáveis pela retração da máfia na Itália, a procuradora da Justiça Diana de Martino revelou como agem os mafiosos e o como o país combate este tipo de organização. Na opinião dela, para tirar poder das facções criminosas, o Brasil deveria cortar a comunicação entre líderes presos e os criminosos do lado de fora.
- É um absurdo pensar que os presos possam ter acesso a celular [como ocorre no Brasil]. O país deve criar uma forma de barrar a tecnologia nas prisões.
Entre a quinta e o sábado, foram realizadas cerca de 20 palestras, além de painéis e núcleos temáticos de debate, voltados para juízes, promotores da Justiça, advogados, acadêmicos e delegados das polícias civil e federal. O objetivo do encontro, segundo a organização, era propiciar a troca de experiências entre os profissionais da Justiça.
Promovido pela APM (Associação Paulista de Magistrados) e pelo Jornal da Justiça, o Fórum Internacional de Justiça teve o patrocínio da Rede Record, da Odebrecht e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).