Retratado em documentários, exposições, no cinema, o sertão é um cenário de tirar o fôlego, e o fotógrafo André Pessoa mostra isso em seu mais novo livro intitulado “Caatinga Selvagem – O Legado de um Projeto de Desenvolvimento para a Conservação da Fauna”, lançado recentemente na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Petrolina.
Registo em detalhes pelas espetaculares imagens do livro “Caatinga Selvagem – O Legado de um Projeto de Desenvolvimento para a Conservação da Fauna”, o livro mostra a riqueza da biodiversidade existente na área de influência da maior obra hídrica em execução no país e desmistifica a visão do Semiárido como uma terra pobre e sem vida.
Do saruê ao tamanduá-mirim, das borboletas às libélulas, dos beija-flores aos sofrês, das piabas às piranhas, morcegos, gatos-do-mato e tantos outros animais – um riquíssimo e surpreendente acervo natural ainda pouco conhecido pela Ciência se descortina a partir do trabalho de biólogos, veterinários e mateiros no resgate e monitoramento da fauna durante a operação dos tratores para a passagem da futura água.
Inédita, a obra registra o resgate e monitoramento dos animais para abertura dos canais da integração do São Francisco e mostra como o projeto contribui para o conhecimento científico.
Além da preciosa água que correrá pelos canais para promover renda e qualidade de vida no sertão nordestino, o Projeto de Integração do São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional começa a gerar resultados inéditos para o conhecimento da vida silvestre da Caatinga, formando um patrimônio científico indispensável à maior valorização e proteção do único bioma exclusivamente brasileiro.
Segundo André Pessoa, até o fim de 2014, foram resgatados quase 70 mil animais durante as atividades de supressão vegetal do projeto de Integração do Velho Chico, sendo mais de 58 mil devolvidos ao ambiente natural, além de outros tantos que passaram a compor coleções científicas de referência para estudos.
O fotógrafo ressalta ainda que além das descobertas capazes de resultar em novas espécies ainda não descritas pelos cientistas, as pesquisas têm registrado a ocorrência de animais em locais onde nunca tinham sido observados – uma história de surpresas e descobertas em meio à Caatinga, contada pelas imagens do repórter fotográfico André Pessoa e pelos textos do jornalista Sérgio Adeodato, especializados na temática ambiental e com trabalhos publicados comumente na imprensa nacional e internacional.
Com 226 páginas, mais de 100 imagens, o livro também mostra a relação entre a cultura do sertanejo e a fauna, com destaque para tradicionais ícones presentes no imaginário popular, como as onças que resistem hoje nas regiões mais bem conservadas da Caatinga.
Tais refúgios, a exemplo de algumas serras próximas aos canais da integração do São Francisco, são hoje estudados para possivelmente compor novos parques e outras categorias de unidades de conservação, como legado do projeto.
A beleza das paisagens essenciais à sobrevivência da fauna também ilustra o inédito acervo de imagens fotográficas, informações científicas e histórias de vida, registradas em expedições que totalizaram quase 10 mil km ao longo dos canais do projeto e seu entorno, incluindo incursões no rio São Francisco e nos parques nacionais da Bahia e do Piauí. Como resultado final, os autores do livro chegaram a um marco histórico da documentação sobre a Caatinga.
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