O leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), nesta sexta-feira (30) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), arrecadou R$ 22,6 bilhões, com a venda de três dos quatro blocos ofertados.
Esse valor superou a expectativa de arrecadação inicial, que era de R$ 10,6 bilhões, em 114%.
Confira o resultado final do leilão de concessão da Cedae:
- Bloco 1 – arrematado pelo Consórcio Aegea por R$ 8,2 bilhões – ágio de 103,13%
- Bloco 2 – arrematado pelo Consórcio Iguá por R$ 7,286 bilhões - ágio de 129,68%
- Bloco 4 - arrematado pelo Consórcio Aegea pelo valor de R$ 7,203 bilhões - ágio de 187,75%
- Bloco 3 – sem vencedor – a única proposta havia sido apresentada pelo Aegea, que optou por retirá-la antes que fosse aberta, o que lhe foi permitido já que havia arrematado o bloco leiloado antes dele, o 4.
Em aproximadamente uma hora de leilão, os três blocos mais valiosos da companhia já tinham sido arrematados com ágio (valor adicional ao mínimo que era exigido no edital) superior a 100% do valor inicial.
O bloco mais barato, que reúne bairros da Zona Oeste da cidade e seis municípios, não foi vendido.
O presidente Jair Bolsonaro acompanhou o leilão ao lado governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), e dos ministros da Economia, Paulo Guedes, do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho e da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Bolsonaro foi recebido com protestos no local. O leilão começou às 14h27.
Autoridades comemoram resultado
Logo após o encerramento do leilão, o governador em exercício do estado disse que o leilão foi "um importante recado para quem deseja investir no Rio de Janeiro".
Castro destacou que o certame foi realizado na data prevista, se referindo às diversas tentativas judiciais e legislativas para suspender a disputa. "Isso é segurança jurídica", enfatizou.
“Esse leilão é um marco para o estado do Rio de Janeiro e nos dá esperança para um futuro melhor para o nosso povo”, disse Cláudio Castro.
"Confiança no Brasil é o resultado [do leilão]". Foi assim que o ministro da Economia Paulo Guedes abriu o seu discurso após o leilão, no qual se concentrou em agradecer a todos os agentes envolvidos.
Ele encerrou sua fala afirmando que "o Brasil vai retomar o crescimento e nós vamos atravessar as duas ondas, a pandemia que está aí e a retomada do crescimento".
O ministro do Desenvolvimento Regional, Paulo Marinho, enfatizou que “quem está ganhando aqui hoje [com o leilão] são as pessoas mais pobres e mais humildes” que moram em áreas sem acesso ao saneamento básico.
“A maior tragédia do Brasil é a falta de saneamento básico, a falta de esgoto tratado, a falta de água tratada”, afirmou.
Blocos leiloados separadamente
Os blocos foram leiloados separadamente. Cada um teve um valor mínimo de outorga.
O vencedor do Bloco 1, o mais caro entre os quatro e que contempla 18 bairros da Zona Sul da capital e 18 municípios, foi o Consórcio Aegea, representado pela corretora Ativa, que ofereceu o valor de R$ 8,2 bilhões, um ágio ( valor acima da outorga mínima) de 103,13%.
O bloco recebeu quatro ofertas formuladas por quatro consórcios empresariais distintos (Iguá, representado pelo grupo BTG, Aegea, representado pela corretora Ativa, Redentor, representado pela XP e o Rio Mais Saneamento, representado pelo grupo Itaú).
Na abertura dos envelopes, os consórcios fizeram as seguintes propostas: Iguá ofereceu R$ 7,2 bilhões; o consórcio Rio Mais Saneamento ofereceu R$ 4,156 bilhões ; o consórcio Aegea ofereceu lance de R$ 5,974 bilhões e o consórcio Redentor R$ 6.434 bilhões.
Como houve uma diferença de menos de 20% do valor ofertado pelas proponentes, foi necessário fazer lances de viva a voz. De acordo com as regras, as ofertas tinham que ter sempre valores mínimos de R$ 100 milhões entre um lance e outro.
O Bloco 2, o segundo mais valioso que engloba 20 bairros da Zona Oeste da capital e dois municípios, foi arrematado pelo Consórcio Iguá, que ofereceu o maior lance por ele, de R$ 7,286 bilhões - um ágio de 129,68% sobre a outorga mínima exigida.
Para este bloco não foi aberta disputa em viva voz porque a proposta do Iguá já havia superado em 20% o valor mínimo.
O Bloco 4, que conta com 106 bairros do Centro e Zona Norte da capital e sete municípios, recebeu ofertas de 3 consórcios: Aegea, Redentor e Rio Mais Saneamento. A Aegea levou o bloco oferecendo R$ 7, 2 bilhões, um ágio de 187, 75%. O lance inicial era de R$ 2,5 bilhões.
Assim como aconteceu com o Bloco 1, foi aberta disputa em viva voz entre os consórcios Aegea e Redentor. Na disputa em viva voz, os concorrentes têm que aumentar, a cada lance, em pelo menos R$ 100 milhões ao maior valor ofertado anteriormente. O maior lance inicial havia sido do consórcio Aegea: R$ 5,402 bilhões.
O Bloco 3, o mais barato entre os quatro em oferta, que tem outros 22 bairros da Zona Oeste da capital e seis municípios, não recebeu oferta. Apenas o consórcio Aegea apresentou proposta por ele, mas retirou. O consórcio Aegea já tinha vencido o Bloco 1, o mais valioso e o Bloco 4.
5 pontos que explicam o leilão da Cedae:
- Foi o primeiro megaprojeto de concessão após regulamentação do novo marco regulatório do saneamento;
- Envolveu cifras bilionárias;
- Teve um modelo inovador no país, ao dividir um mesmo município em concessões distintas (veja detalhes do projeto abaixo);
- Pôs fim a quatro anos de batalhas políticas e jurídicas desde que o estado ingressou no Regime de Recuperação Fiscal da União (a venda da Cedae era condição do programa);
- Aconteceu após mais de um ano em que parte da população fluminense é abastecida com água de má qualidade, em uma das piores crises hídricas da história do estado.
A Cedae atende atualmente 64 dos 92 municípios do Rio. Os demais 28 ou já tinham concedido individualmente o saneamento à iniciativa privada — exemplo de Niterói na Região Metropolitana — ou já faziam parte de um consórcio, caso da Região dos Lagos.
Já as 30 prefeituras da área de atuação da Cedae que estão fora projeto de concessão não manifestaram interesse em aderir ao plano do BNDES. Elas terão de arcar, por conta própria, com a distribuição da água potável e a coleta e tratamento de esgoto.
A concessão da Cedae em 10 pontos
- A Cedae não será totalmente privatizada. Uma parte dela continuará estatal e responsável pela captação e tratamento da água - as concessionárias vão comprar a água do estado para distribuir à população.
- Apenas os serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário serão concedidos, pelo prazo de 35 anos, à iniciativa privada.
- As áreas geográficas de atuação da Cedae foram divididas em quatro blocos, que serão leiloados separadamente. Cada um abrange uma região da capital e um conjunto de municípios, no modelo "filé e osso".
- Ao todo, 35 municípios, incluída a capital, terão os serviços de distribuição de água e coleta de esgoto concedidos à iniciativa privada.
- Parte do dinheiro arrecadado no leilão terá, obrigatoriamente, que ser investido pelo estado em projetos de despoluição: R$ 2,6 bilhões na Baía de Guanabara, R$ 2,9 bilhões na Bacia do Guandu e R$ 250 milhões no complexo lagunar da Barra da Tijuca.
- As empresas que vencerem o leilão terão como principal meta universalizar os serviços até 2033. Para isso, terão que investir cerca de R$ 30 bilhões em infraestrutura de água e esgoto, sendo R$ 12 bilhões nos cinco primeiros anos.
- Também será obrigatório o investimento mínimo de R$ 1,86 bilhão na infraestrutura de favelas.
- Metas intermediárias rígidas e periódicas terão que ser cumprida pelas concessionárias sob pena de diversas sanções, que incluem multa e até a perda do contrato.
- O contrato veta aumento real das tarifas cobradas dos consumidores – só será permitido o reajuste anual da inflação, cujo índice será definido pela agência reguladora.
- O contrato também prevê que tarifa social terá que ser ampliada de 0,57% para, no mínimo, 5% da população.
Ao todo, 12 empresas, nacionais e estrangeiras, demonstraram interesse pelo projeto. Mas para a disputa final foram formados quatro consórcios empresariais, cada um liderado por grandes investidores.
A Cedae, última grande estatal do Rio de Janeiro, não será extinta com o leilão. Uma parte dela será mantida sob a governança do estado, que continuará responsável pela gestão e produção da água.
Juntos, o poder público e os futuros concessionários terão um imenso desafio a superar para garantir a universalização dos serviços até 2033, principal meta do projeto.
Os obstáculos (veja as principais deles ao final da reportagem) vão desde questões ambientais, intrínsecas ao setor, à segurança pública, que é um dos principais entraves para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro -- só na capital, mais da metade da população vive em áreas sob o comando do crime organizado e há presença de milícias em pelo menos 11 municípios da Região Metropolitana.
Relevância e magnitude
O plano de concessão da Cedae à iniciativa privada levou quase dois anos para ficar pronto. Ele foi elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que o apresenta como o maior e mais importante projeto de infraestrutura do país nos últimos tempos.
“É um dos leilões mais importantes da história do país, a começar pela relevância da região, já que estamos falando do Rio de Janeiro, por envolver investimentos bilionários e por reunir esforços para eliminar um dos maiores problemas do Brasil, que é a falta de saneamento. Por tudo isso esse leilão é tão emblemático”, apontou o economista Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, além da representatividade do Rio de Janeiro por sua relevância histórica e econômica, a “situação ambiental muito grave” do estado torna o leilão da Cedae um “ícone desse novo momento que o saneamento básico está vivendo e está sendo muito aguardado por alguns governadores, ansiosos para saber como fazer para, também, conceder estes serviços à iniciativa privada”.
O “novo momento” ao qual Carlos se referiu teve início formal em dezembro de 2020, quando foi regulamentado o novo marco regulatório do saneamento no Brasil. A nova legislação foi formulada, justamente, para ampliar a presença do setor privado na área.
“Esse projeto da Cedae tem a vantagem de servir de bom exemplo para o resto do país. Será a comprovação do que a gente vem dizendo aqui no banco há muito tempo, que tem muito dinheiro para se investir em saneamento, muito recurso em um ambiente que agora tem a casa arrumada do ponto de vista regulatório”, enfatizou Guilherme Albuquerque, do BNDES.
O BNDES ficou responsável pela modelagem do projeto de concessão da Cedae tão logo o Rio de Janeiro ingressou, em 2017, no Regime de Recuperação Fiscal proposto pela União. Desestatizar a empresa era uma condição para o estado entrar no programa.
A venda completa da empresa, no entanto, foi substituída pelo modelo de concessão. Nele, a iniciativa privada se compromete a fazer os investimentos necessários e assume os riscos da exploração da atividade concedida — não há contrapartida do governo — e, ao fim do contrato, os ativos concedidos voltam ao poder do estado, que pode voltar a administrá-los ou concedê-los novamente.
O projeto final entregue pelo banco manteve parte da Cedae sob o comando do estado e dividiu as áreas geográficas em que a empresa atua em quatro blocos distintos. Cada bloco tem uma região da capital e um conjunto de municípios da Região Metropolitana e do interior. Assim, o estado poderá ter até quatro empresas, ou consórcios, gerindo os serviços de distribuição de água e coleta de esgoto.
A produção da água — gestão, captação e tratamento — continuará sendo feita pela Cedae. Ou seja, o governo vai vender a água para as concessionárias distribuí-la à população. O modelo é semelhante ao existente em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, onde a empresa privada responsável pelo esgotamento sanitário e abastecimento de água compra a água do município.
De acordo com o BNDES, o edital não prevê aumento real no preço final da água das tarifas cobradas dos consumidores. Será permitido apenas a reposição da inflação que incide sobre os custos do setor, cujo percentual será definido pela agência reguladora.
Modelo ‘filé e osso’: entenda como é o projeto de concessão da Cedae
Segundo o BNDES, um dos principais critérios para a divisão das áreas da Cedae foi garantir que todas as cidades envolvidas no projeto de concessão sejam efetivamente beneficiadas. Cada um dos quatro blocos contêm tanto o “filé” quanto o “osso” do saneamento do estado.
Dos 92 municípios do Rio de Janeiro, 35 serão afetados pelo leilão da Cedae. Entre eles, há grandes diferenças sociais, econômicas e ambientais que tornam alguns muito atrativos à iniciativa privada, dado o potencial de arrecadação financeira, e outros pouco atrativos, tendo em vista a necessidade de maiores investimentos e menor retorno econômico.
“Com o investimento privado, se consegue oferecer saneamento para quem, sozinho, não teria condições de ter o serviço. Então, a nossa principal preocupação era não deixar ninguém para trás”, afirmou Guilherme Albuquerque, do BNDES.
O Bloco 1, por exemplo, o mais caro entre os quatro (lance mínimo de mais de R$ 4 bilhões), é o que tem o maior número de municípios, 18 no total. Entre elas está São Gonçalo, que é a segunda mais populosa do estado, com mais de 1 milhão de habitantes, e São Sebastião do Alto, que tem pouco mais de 9,3 mil habitantes.
“A própria nova lei do saneamento tem esse espírito [de divisão em blocos com “filé e osso”], justamente para cumprir com esse grande medo de que as parcerias se dessem apenas em municípios grandes, super-habitados, já que quanto maior a população, maior a arrecadação. Isso é uma boa saída para não deixar ninguém de fora”, avaliou Édison Carlos, do Trata Brasil.
Carlos enfatizou que esse modelo não é novidade no Brasil. Estados como o Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Tocantins já haviam feito concessões à iniciativa privada na área de agrupando municípios grandes e pequenos.
O mesmo foi feito em Alagoas em setembro do ano passado, no primeiro leilão sob a luz do novo marco legal e com modelagem também feita pelo BNDES.
O projeto da Cedae, no entanto, inova ao permitir que até quatro empresas atuem em um mesmo município – no caso, a capital, que também foi dividida em quatro áreas. “Isso é totalmente novo, ter em uma mesma cidade esses serviços prestados por empresas distintas”, enfatizou o presidente do Trata Brasil.
“A divisão do Município do Rio, no entanto, não necessariamente tem a ver com o conceito filé e osso, até porque os quatro blocos têm áreas boas e também favelas. Ela foi feita considerando, por exemplo, a bacia hidrográfica de cada região e o bloco ao qual ela se conecta. Foram consideradas soluções técnicas e financeiras também”, ponderou o responsável pelo projeto no BNDES.
Veja outros 7 dados superlativos do leilão da Cedae:
- R$ 12 bilhões terão que ser investidos pelas concessionárias nos cinco primeiros anos;
- Em 12 anos, o investimento obrigatório é de cerca de R$ 25 bilhões;
- Mais de R$ 5,7 bilhões terão que ser investidos nos cinco primeiros anos na despoluição da Baía de Guanabara, na Bacia do Guandu e no Complexo Lagunar da Barra da Tijuca;
- Pelo menos R$ 1,8 bilhão terá que ser investido na infraestrutura de favelas;
- A concessão dos quatro blocos vai afetar a vida de mais de 13 milhões de pessoas;
- Cerca de 46 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, deverão ser gerados no estado pelas obras e serviços relacionados à concessão;
- Mais de 3,6 mil visitas técnicas às instalações da Cedae foram realizadas pelas 12 empresas que demonstraram interesse pelo projeto;
Desafios e metas rígidas
Alcançar a universalização do saneamento básico dos 35 municípios sob atuação, até então, da Cedae, é o principal objetivo do projeto de concessão da empresa.
O prazo é relativamente curto, de apenas 12 anos -- até 2033, 90% do esgoto terá que ser coletado e tratado e 99% da população terá que ter abastecimento com água tratada. O desafio é imenso, considerando os dados atuais, e os obstáculos, inúmeros.
Atualmente, mais de 1,6 milhão de pessoas não têm acesso a água potável no RJ, o que corresponde a 9,5% da população.
Crise da Geosmina
A situação do esgotamento sanitário é ainda pior: quase 6 milhões de pessoas, ou seja, mais de 1/3 (34,7%) da população não vive em áreas com coleta de esgoto.
Segundo o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, um dos principais obstáculos para o abastecimento de água é a qualidade dela.
"A água será produzida e vendida pela própria Cedae. Então, é importante que haja uma melhoria da qualidade da água que será fornecida pela própria empresa pública. Este é um dos maiores desafios", enfatizou.
Desde o começo de 2020 parte da população fluminense, sobretudo a da capital, recebe água com cor escura, cheiro e gosto ruins.
Testes feito a pedido do RJ1 mostraram que em um ano dessa crise, a contaminação da água do sistema Guandu, que abastece a maioria das cidades atendidas pela Cedae, mais que dobrou.
A situação calamitosa ficou conhecida como a Crise da Geosmina, substância apontada como a responsável pela alteração das características da água fornecida pela Cedae. Ela é produzida por algas que se reproduzem no esgoto. E os principais mananciais que abastecem o estado estão poluídos.
Outro obstáculo para o abastecimento de água, segundo o presidente do Trata Brasil, depende do poder público na área de segurança pública.
Isso porque a Cedae, segundo ele, perde quase a metade da água lançada na rede de distribuição devido a vazamentos, provocados pelas redes velhas, e pelas ligações clandestinas.
"Resolver isso não depende só da empresa concessionária, mas do poder público, do poder de polícia, para conseguir entrar nessas áreas, desfazer esses gatos e, até mesmo, para fazer os reparos nas redes, muitas vezes em áreas dominadas pelo crime organizado”, apontou.
Já para o esgotamento sanitário, um dos principais obstáculos está nas favelas, segundo o engenheiro sanitário Adacto Ottoni, professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Viabilizar os sistemas de esgoto das cidades que têm grandes áreas informais está entre os maiores desafios. O contrato [de concessão] é bem genérico, e cabe às concessionárias fazerem os projetos, aproveitando as instalações já existentes. Nessas áreas tem que ter soluções técnicas que garantam a abrangência do sistema”, destacou o professor.
Ottoni enfatizou, no entanto, que o maior obstáculo que ele vê no projeto se refere ao licenciamento e fiscalização das futuras concessionárias.
"Se não tiver um controle e uma regulação bem feitas, vai colocar todo esse investimento em risco. Se a concessionária não for bem fiscalizada, licenciada e controlada, ela pode piorar os seus serviços visando aumentar os seus lucros", destacou.
O contrato de concessão prevê que as concessionárias terão que cumprir metas rígidas e periódicas, sob o risco de diversas sanções, que vão desde multa até ao rompimento do contrato. Todavia, falta estrutura de pessoal na Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), que é a responsável por essa fiscalização.
Para tentar suprir a demanda da Agenersa, o governo do estado anunciou a realização de um concurso para a contratação de 50 novos funcionários.