Quando o assunto é acolhimento, a Associação Lar da Esperança, situada na zona Leste de Teresina, é referência no Piauí. A casa atende pessoas com HIV/AIDS em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Alimentação, hospedagem e contribuição financeira são algumas das ações prestadas aos pacientes. Segundo Graça Cordeiro, proprietária da instituição, o apoio emocional é outro serviço que faz toda a diferença no tratamento das pessoas acolhidas.
Ela afirma que ao longo de sua vida foi julgada de uma forma negativa por ajudar vítimas da exclusão. Porém, nada se compara com o peso carregado pelas pessoas que enfrentam a doença e a conduta discriminatória provocada pela desinformação.
"A minha vida toda foi assim apenas por ajudar, por não fingir que nada estava acontecendo, agora imagina quem sente isso na pele. Tenho muito orgulho do que faço, dos meus filhos do coração e da minha família que cresce a cada dia mais, mas fico muito triste com as coisas que eles passam", relata Graça.
Um dos filhos "adotados" por Graça Cordeiro é José Barros (nome fictício, a pedido do entrevistado) paciente acolhido pelo Lar da Esperança há 16 anos. Morador de Buriti dos Lopes, ele realiza o tratamento em Teresina. Sua história de vida é marcada pela discriminação após diagnóstico de HIV.
"Primero eu perdi o emprego e depois os amigos. Eu digo que não foi a doença que dificultou minha vida, pois até agora está tudo bem, sigo meu tratamento como qualquer outro. Mas foram as pessoas que acabaram me prejudicando por conta de uma doença tratável", relata José.
Morando sozinho em Buriti dos Lopes, José sobrevive apenas com um auxílio no valor de R$ 400 reais. O Lar da Esperança concede o espaço, alimentação e passagens durante os dias de tratamento em Teresina.
Preconceito e desinformação prejudicam pacientes
Por falta de conhecimento sobre a doença, José enfrentou as consequências de desinformação ainda difundida na sociedade em relação à transmissão do vírus HIV. Quando morava com a família, talheres, copos, toalhas e até assentos eram separados dos demais membros.
"Era como se eu tivesse morrido. Além de separar tudo dos outros, tinha outra coisa pior. No fundo da minha casa tinha um buraco, era o local onde eu fazia minhas necessidades e tomava banho. Ainda hoje isso dói, me marcou muito", expressa.
"Se não fosse o Lar da Esperança e o apoio que recebi daqui, com certeza eu não estaria aqui. Eu tentei [desistir] da vida três vezes, mas o apoio das minhas pessoas queridas me salvou. Eu já estava nas últimas, mas hoje ando firme para superar tudo de novo", relata.
APOIO
Esta matéria faz parte de uma iniciativa do Grupo Meio Norte de Comunicação (GMNC) em parceria com instituições sociais para apoiar a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica, entre outros grupos que foram impactados pela pandemia da Covid-19. A ação compartilha histórias com objetivo de transformar vidas e arrecadar recursos financeiros para compra de alimentos e demais materiais solicitados pelas entidades participantes.
PIX SOLIDÁRIO
Para ajudar o Lar da Esperança a amparar vidas, é possível realizar entregas de doações. O casa fica localizada na Avenida Capitão Vanderley, 5000, Piçarreira I. Os telefones de contato são 86 98882-4506 e 86 99822 -3500.
PIX | LAR DA ESPERANÇA
CNPJ | 00153559000151