A grife de luxo de bolsas e acessórios Victor Hugo teve seus bens bloqueados pela Justiça devido a uma dívida tributária de mais de R$ 300 milhões. Além disso, a grife é acusada de formação de grupo econômico, com cerca de dez alterações contratuais desde a sua criação em 1980, no Rio de Janeiro. Entre as movimentações consideradas suspeitas está o registro da marca Victor Hugo em offshores no Uruguai e em Belize.
Atualmente, a grife tem mais de 70 lojas franqueadas e vende seus produtos (bolsas, óculos e relógios) em centenas de lojas multimarcas e relojoarias em todo o país. No começo dos anos 2000, chegou a ter loja em Nova York, nos Estados Unidos.
A sentença judicial, concedida em caráter liminar, determina o bloqueio de 50% dos pagamentos de sete empresas compradoras dos produtos da grife e de 30% das transações efetuadas por meio de cartões de crédito e débito das operadoras Cielo, Redecard e American Express. A Justiça também proibiu a venda da marca Victor Hugo, inclusive, com pedido de envio de ofício ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI).
Procurada pela reportagem, a Victor Hugo informou que vai recorrer da decisão e que o processo corre em segredo de Justiça. No entanto, a decisão é pública e apenas os documentos da ação são sigilosos.
Fundada pelo uruguaio Victor Hugo Alves Gonzalez, a empresa Victor Hugo começou a promover alterações societárias a partir de 2002. Nessa época, a marca foi cedida para uma offshore denominada Wilde Corporation SA, localizada no Uruguai, e o parque industrial que fabricava as bolsas foi transferido para uma outra empresa chamada Brasilcraft, que é alvo do processo judicial. Entre 2015 e 2018, estima-se que a Brasilcraft tenha apurado um faturamento de R$ 613 milhões.