SP: Tribunal anula júri de PMs que decapitaram deficiente

O corpo da vítima, decapitado e sem as mãos, foi achado no dia seguinte, numa área de despejo de cadáveres em Itapecerica da Serra

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O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o júri que condenou, em julho de 2010, quatro PMs acusados de integrar o grupo de extermínio Os Highlanders a 18 anos e oito meses de prisão pela decapitação do deficiente Antonio Carlos Silva Alves, 31.

A decisão teve como base um pedido do advogado Celso Machado Vendramini, defensor dos réus, que alegou que, durante a fase de debates do júri, o promotor Vitor Petri descumpriu uma ordem do juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov e exibiu uma camiseta com a foto de Alves e dizeres contra a polícia. O argumento é que a imagem poderia influenciar os jurados.

"O ato de mostrar aos jurados aquela camiseta foi totalmente irregular. Agora, terei a chance de mostrar aos sete novos jurados que meus clientes não sequestraram e arrancaram a cabeça de ninguém", disse Vendramini.

Com a anulação do júri, Rodolfo da Silva Vieira, Moisés Alves Santos, Joaquim Aleixo Neto e Anderson dos Santos Salles permanecerão presos no Presídio Militar Romão Gomes. O novo júri ainda será marcado pela Justiça.

Em dezembro de 2010, os quatro réus foram demitidos da Polícia Militar.

HIGHLANDERS

Conhecido como Carlinhos, o deficiente mental Alves, segundo a Promotoria e a Polícia Civil, foi sequestrado pelos quatro então PMs em 8 de outubro de 2008, no Jardim Capela (zona sul de São Paulo).

O corpo da vítima, decapitado e sem as mãos, foi achado no dia seguinte, numa área de despejo de cadáveres em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).

A hipótese da Polícia Civil e da Promotoria é que, numa abordagem dos quatro PMs, Carlinhos não tenha conseguido falar direito. Sem saber da deficiência, os policiais teriam interpretado como gozação e decidido matá-lo.

Com mais cinco PMs, os quatro condenados são acusados de integrar o grupo de extermínio Os Highlanders, assim chamado porque 5 das 12 supostas vítimas foram decapitadas. A Folha revelou a existência do grupo no dia 23 de outubro de 2008.

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