Juraci Martins: Ele deixou o filho na cadeia no Paraná

Juraci Martins: Ele deixou o filho na cadeia no Paraná

Juraci Martins: Ele deixou o filho na cadeia no Paraná | Revista Época
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Juraci Martins, de 54 anos, vive da venda de embreagens remanufaturadas. Mora em Londrina, no Paran?, com a mulher, Lourdes, em um apartamento financiado de tr?s dormit?rios. O patrim?nio do casal se resume a esse im?vel e a uma caminhonete Silverado. Os tr?s filhos, duas mulheres e um homem, j? sa?ram de casa. O ca?ula, Rodolfo, de 21 anos, tem problemas com ?lcool e drogas desde os 12. Juraci tamb?m foi dependente de ?lcool desde a adolesc?ncia. Diz ter se livrado do v?cio nove anos atr?s.

Seria uma descri??o trivial de uma fam?lia brasileira comum do s?culo XXI, se um epis?dio raro n?o tivesse levado os Martins ?s manchetes de jornais de todo o pa?s. No domingo 8, Rodolfo pegou escondido o carro do pai. Horas depois, dividia com outros 11 detentos uma cela no 2? distrito policial de Londrina. Fora preso em flagrante por dirigir alcoolizado e com a habilita??o vencida, e por ter provocado um acidente (sem v?timas). Num pa?s onde o ?lcool ? apontado como respons?vel por metade das 35 mil mortes anuais no tr?nsito, sem que isso se reflita em puni?es severas para os infratores, o roteiro-padr?o prev? que o pai pague a fian?a e tudo seja esquecido.

No caso de Rodolfo, o valor dessa fian?a era R$ 500, nada pesado para o or?amento da fam?lia. Mas Juraci decidiu deixar o filho preso, e a hist?ria foi parar no notici?rio nacional. ?Fiz isso por amor?, diz. O pai conta que, numa briga anterior com o filho, j? o havia advertido de que, se ele fizesse algo errado e a pol?cia o pegasse, n?o pagaria a fian?a. ?Disse at? que, se precisasse, pagava mais R$ 200 para ele continuar preso.?

Depois de ter dado algumas declara?es ? imprensa sobre o caso, Lourdes, a m?e, passou a evitar falar sobre o assunto. Abalada, at? o final da semana passada n?o visitara o filho na deten??o. Juraci diz que a decis?o de n?o pagar a fian?a foi tomada em comum pelo casal. ?N?o queria chamar a aten??o para mim. Se o que eu fiz foi certo, tamb?m n?o quero confete. ? muito triste voc? perder um filho para um traficante.?

A not?cia, poucos dias depois do epis?dio em que um grupo de jovens cariocas agrediu uma dom?stica e foi defendido pelos pais, revela que, em meio a uma suposta crise de valores na sociedade brasileira, nem todo pai est? disposto a tolerar o crime dos filhos. Alguns afirmam que, se a situa??o dos Martins chegou a esse ponto, ? porque faltou orienta??o paterna antes. Juraci afirma reconhecer sua parcela de responsabilidade, mas diz n?o se arrepender. ?Errar, eu errei. Poderia ter passado mais tempo com ele. Mas nossos filhos sempre tiveram casa para dormir, comida, roupa e escola para estudar. Disso, nunca v?o poder falar de mim e de minha mulher. Meu pai morreu cedo, quando eu tinha 11 anos, mas me ensinou o valor do trabalho e da honestidade.?

N?o que Juraci n?o tenha tentado nada antes. Segundo o pai, Rodolfo foi internado duas vezes em cl?nicas. A primeira por nove meses e a segunda por cinco. Tudo isso teria custado R$ 20 mil ? fam?lia. ?Rodolfo tentava me agredir. Nos ?ltimos tempos, eu chegava a correr para evitar briga. A pessoa que ? viciada fala coisas que nem d? para descrever?, afirma Juraci. Antes de ser preso, o jovem morava na casa da fam?lia da namorada e n?o tinha emprego fixo.

Beb? nascido prematuro, sempre muito franzino, Rodolfo largou os estudos assim que completou o ensino fundamental. ?Ele achava que n?o precisava estudar para ganhar dinheiro?, diz o pai. ?Cansei de falar: ?Rapaz, se voc? usasse essa sua intelig?ncia para o trabalho, para as coisas boas...??. Aos 16 anos, o filho confessou, diz o pai, que fumava maconha desde os 12. ?Depois, vieram a coca?na e o crack. Este ?ltimo ? maldito, porque acaba com a pessoa.?

Rodolfo pode ser solto na quarta-feira 18, desde que a fian?a seja paga. Juraci diz que n?o imagina qual ser? a rea??o do filho no primeiro encontro, mas que j? sabe o que dir? a ele: ?E ent?o, Rodolfo? Vamos procurar um tratamento para curar isso de uma vez? Estamos aqui, somos su

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