Depois de quase duas horas de sabatina, os deputados estaduais votaram e aprovaram por unanimidades de votos dos 26 presentes à sessão desta terça-feira (15) o nome do advogado Júlio Ferraz Arcoverde para presidência da empresa de Águas e Esgotos do Piauí S/A (Agespisa).
Bachalerado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, em 1995, aos 44 anos, Júlio Arcoverde chega à presidência da Empresa de Águas e Esgotos do Piauí S.A, depois de exercer vários cargos no serviço público. O currículo inclui a Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí, Câmara dos Deputados, Detran-Pi e Seplan, além de gerenciar várias de suas empresas na iniciativa privada.
Júlio Arcoverde falou aos presentes, relacionando os desafios e perspectivas para uma gestão empresarial voltada para melhores resultados.
A íntegra do discurso do novo presidente da Agespisa:
?Presidir uma companhia estatal de saneamento, que atende mais de 170 localidades, é um desafio de grande monta, que exige enorme dedicação e, sobretudo, uma vontade de acertar. Esta vontade de acertar consiste em levar a experiência administrativa, obtida no setor privado, para uma organização predominantemente pública ? caso da AGESPISA - cujo controle acionário pertencente ao Governo do Estado do Piauí.
Assim sendo, essa é uma companhia que deve ser gerida com total respeito aos princípios da administração pública como a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. Acrescento aqui um outro princípio fundamental e não contido na Constituição, mas essencial em qualquer empresa seja pública ou privada, que é a economicidade. É impossível levar uma empresa a bom termo, fazê-la produzir mais e melhor sem que se racionalizem custos, sem que se leve sempre em conta uma relação custo-benefício favorável à companhia.
Há enormes desafios a serem levados adiante pela AGESPISA, não somente pelos próximos quatriênios, mas para as próximas décadas, principalmente no que tange ao sistema de esgotamento sanitário, já que hoje a empresa está presente apenas em 8% dos domicílios e em acanhados 5( cinco) municípios, incluindo Teresina, portanto precisando estar apta à promoção da universalização dos sistemas de saneamento.
Para os próximos quatro anos, os desafios que se apresentam não são poucos, nem fáceis. Os principais deles:
1. Ampliar a rede geral de esgotos em Teresina e no interior do Piauí, seja com financiamento da Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, seja por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ou ainda, através de emendas de bancada ou individuais dos senhores congressistas ao Orçamento Geral da União ? OGU.
2. Valorizar o quadro de técnicos da empresa com qualificação permanente e redução de pessoal terceirizado.
3. Tornar mais eficiente a área comercial da empresa, fazendo uma cobrança mais efetiva e eficiente vindo a reduzir a inadimplência.
4. Acelerar os programas de combate às perdas técnicas e comerciais.
5. Melhorar o atendimento as redes de distribuição de água e saneamento no interior e litoral do Estado, sobretudo, nas cidades de interesse turístico.
6. Modernização dos postos de atendimento da companhia, com maior uso de Tecnologia da Informação para dar respostas mais imediatas aos usuários do sistema.
7. Fazer com que a AGESPISA se transforme em uma companhia cada vez mais preocupada com o cliente, fazendo uma gestão de resultados, com metas estabelecidas a serem cumpridas fielmente.
8. Com administração cada vez mais empresarial espera-se da AGESPISA uma postura mais célere diante dos desafios que se colocam para a companhia. Tal postura deve ser recorrente não apenas à alta direção, mas a todo o quadro de pessoal da empresa.
9. A construção de uma boa relação com o consumidor, melhorando todos os canais de comunicação e interface, seja o SAC (0800), sejam canais na Internet ? home page, redes sociais, contatos amiudados com os meios de informação, visitas programadas de estudantes, eventos em que a empresa se fará presente, reuniões com as comunidades. Tudo isso faz parte de uma postura pro-ativa em que a AGESPISA buscará se antecipar aos problemas.
10. Equacionar a dívida da empresa, cujo montante é elevado, concentrado o maior parte em tributos federais. Para os quais estudaremos a renegociação da dívida, na tentativa de parcelamentos, para estacarmos a incidências de multas e juros subseqüentes, com possibilidade de criarmos uma estrutura gerencial apenas para cuidar dos contratos de passivos exigíveis a longo prazo.
11. Implementação de programa de eficiência energética para redução de custos e utilização eficiente dos equipamentos e bombas.
12. Desenvolvimento e implementação de programas que visem o uso racional da água e a preservação do meio ambiente através de alternativas eficazes de tratamento dos esgotos.
Planejamento estratégico
Se para os próximos quatro anos se enumeraram os desafios já citados, para as próximas décadas a companhia precisa elaborar um planejamento estratégico. Consistirá o planejamento estratégico em um arcabouço de idéias que advirão do corpo funcional e técnico da companhia, das áreas de Engenharia, Saneamento e Meio Ambiente do governo e das Universidades Públicas, de consultas à população e também da participação de legisladores.
Para uma empresa que trabalha com um recurso finito (a água), o planejamento estratégico é um passo essencial para se manter viva e, sobretudo, para trabalhar com eficiência. É preciso que a AGESPISA se prepare para o futuro, se antecipando aos problemas, identificando as demandas que se apresentarão a ela nas próximas décadas.
O planejamento estratégico da companhia comportará sempre a consulta à sociedade e, neste caso, aos deputados estaduais, que são uma instância fundamental da representação popular em nosso Estado?.