Quando chega o mês de julho, as pipas começam a enfeitar o céu de Teresina. O que parece uma brincadeira inocente, pode oferecer riscos e causar acidentes.
Na zona Norte da capital, crianças e adolescentes estão aproveitando o período de férias para empinar os papagaios no entorno do Aeroporto Petrônio Portella.
A maioria desses jovens nem sabe, mas soltar as pipas sem o cuidado necessário pode provocar incidentes ou acidentes aéreos. Na Rua Campo Maior, situada bem ao lado do Aeroporto de Teresina, independente da hora do dia, há pelo menos quatro meninos empinando os papagaios.
Um dos moradores do bairro, que prefere não se identificar, afirma que é comum os adolescentes colocarem cerol [uma mistura de cola e vidro] na linha para poder cortar outras pipas que estão no céu.
As pipas cortadas estão caindo no território do Aeroporto. Segundo informações extraoficiais, os responsáveis pela segurança da pista de pousos e decolagens teriam recolhido pelo menos 30 papagaios. A informação é reforçada por quem brinca na Rua Campo Maior.
“O pessoal do Aeroporto reclama, porque alguns meninos tentam pular o muro para pegar a pipa de volta”, conta Bruno Soares, morador da região. Perguntado se tem consciência de que a atitude é perigosa e pode complicar as operações aeronáuticas, o jovem diz: “Mas moramos aqui e só podemos brincar aqui”.
“Prova disso é que, nas próprias mensagens emitidas pelos controladores de voo às aeronaves que chegam ou decolam de Teresina, é comum ouvir alertas do tipo ‘esteja atento às pipas’, para que os pilotos prestem uma atenção adicional nos procedimentos de saída ou chegada”, observa.
A Infraero, órgão responsável em administrar o Aeroporto Petrônio Portella, informa que está ciente da popularidade das pipas na comunidade próxima ao Aeroporto de Teresina.
De acordo com a assessoria de imprensa da Superintendência, a administração do local desenvolve, em parceria com órgãos ligados à prevenção de acidentes aeronáuticos e a área de segurança operacional, campanhas educativas voltadas para a conscientização dos jovens que moram na vizinhança, para que não empinem pipas nas proximidades e para que não ultrapassem os muros do Aeroporto.
A Infraero ressalta, ainda, que o Aeroporto de Teresina é cercado por muros e sinalizado com placas que alertam sobre a proibição de acesso. Câmeras de circuito interno completam o monitoramento da área. “Além disso, vigilantes e fiscais de pátio são acionados em caso de invasão”, esclarece.
Fotos: Kelson Fontinele