Uma postagem de uma analista de 25 anos foi compartilhada, nas últimas horas, por milhares de mulheres nas redes sociais. Na publicação, ela relata um episódio de violência que afirma ter sofrido por parte do namorado, com quem contou ter vivido um relacionamento abusivo. Em nota enviada nesta quinta-feira (23), o advogado da vítima relatou que ela está bastante abalada e foi solicitada medida protetiva.
"Não sei por onde começar, como começar, o que falar e nem o que pensar. Nunca fui de me expor em rede social, porém, agora não dá mais para ficar calada", começou a jovem na publicação. Conforme relatou, ela viveu um relacionamento abusivo nos últimos meses e sempre tinha medo do que fazer, falar ou com quem podia conversar.
A analista contou na postagem que era xingada e insultada diversas vezes e chegou a ser traída pelo ex-companheiro. "Por que eu vivi tudo isso? Infelizmente sempre fui “acreditada no amor” e vivia sendo manipulada, com desculpas e com chantagens emocionais. Só que agora não tem como ficar calada, eu nunca passei por uma situação de ser agredida por um homem ou nunca presenciei com alguém próximo", explicou.
Conforme desabafou na publicação, no domingo (19), em São Vicente, no litoral paulista, ela estava com o então namorado e amigos dele. A jovem e o rapaz discutiram dentro do carro, e, segundo relata, devido ao nervosismo, acabou subindo com o automóvel na calçada, o que causou danos ao veículo.
Nesse momento, o namorado desceu do carro com a chave e ela conta que empurrou o carro sozinha para tirá-lo do local. "Assim que ele voltou, supliquei para ele não me abandonar lá, porque eu estava nervosa e não queria mais continuar brigando, agarrei ele para que não me deixasse sozinha. Ele pediu para eu soltar, na mesma hora prendeu a minha respiração falando que iria me desmaiar porque eu estava irritando ele", relatou.
Na postagem, a analista ainda relata que mordeu o dedo do rapaz, para se defender e conseguir se soltar dele. Nesse momento, afirma que foi espancada e recebeu ajuda de uma viatura da Polícia Militar, que passava pelo local. "Uma policial militar ajudou a me acalmar e me orientou sobre o boletim de ocorrência. Fui parar no Pronto Socorro para fazer raio-X do meu rosto", publicou.
Após ser liberada pela equipe médica, a jovem afirma que foi até a delegacia, onde relata que um policial falou ao seu pai e irmão, que ela não queria registrar boletim de ocorrência porque no outro dia voltaria com o rapaz. Chegaram a perguntar se ela, que apresentava graves ferimentos, queria registrar o boletim.
Mas, ela afirma que devido ao nervosismo, não conseguiu responder. "Não conseguia parar de chorar, minha ansiedade atacou, eu fiquei em estado de choque porque jamais pensei que um dia ia passar por esta situação. Uma única policial me acalmou nesse momento e consegui entender o que estava acontecendo. E é obvio que eu quero fazer B.O e o que for preciso para evitar que um verme desse continue a bater em outras" escreveu.
De acordo com ela, o caso foi registrado como agressão mútua e só ouviram a versão do namorado e de seu amigo, que falou como testemunha dele. "A minha versão ninguém escutou, apenas assinei o B.O e ele [agressor] saiu pela mesma porta que eu. Só hoje [terça] que fui procurar meus direitos na Delegacia da Mulher, e lá eles escutaram o meu depoimento e fizeram um adendo no B.O com a minha versão. Deveria ter deixado ele me desmaiar, era mais fácil deixar a covardia de um homem usar a força maior em cima de uma mulher", desabafou.
Sobre a forma que a vítima aponta que o caso foi conduzido, em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado na madrugada da última segunda-feira (20), na Delegacia de São Vicente, como lesão corporal.
Na ocasião, a SSP afirma que ambos tiveram seus depoimentos registrados no histórico da ocorrência. Eles foram encaminhados para exame de corpo de delito e orientados quanto ao prazo de seis meses para representação. Na tarde de terça-feira (21), ela foi ouvida novamente na DDM do município, que investiga os fatos, e solicitou medidas protetivas de urgência, que aguardam decisão judicial.
"Eu quero justiça em meu nome e em nome de todas mulheres que sofrem violência e vivem em relacionamento abusivo. Tive que passar por isso pra entender que a mulher nunca tem voz e muito menos força. Até quando nós mulheres vamos passar por isso?", finalizou a postagem nas redes sociais.
Em nota, o advogado Bruno Bottiglieri Freitas Costa, que representa a vítima, relatou que ela ainda está abalada com toda a situação e, atualmente, se encontra sob os cuidados de seus familiares e se recuperando das agressões sofridas. Informa também que já foi requerida a concessão das medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha em favor da vítima e espera que ao final o responsável seja responsabilizado pelos seus atos.