A jovem de 20 anos que foi baleada na mão dentro do carro do jogador Adriano, no último sábado, confessou nesta quarta-feira ter efetuado acidentalmente o disparo. Até então, Adriene Cyrilo Pinto afirmava que o atleta havia disparado a arma, o que o jogador e outras quatro testemunhas negavam.
Adriene fez a afirmação em frente a Adriano, durante uma acareação entre as seis pessoas que estavam na BMW, na saída de uma boate, no Rio de Janeiro. Elas foram à 16ª DP (Barra da Tijuca) para uma reconstituição do episódio. "No depoimento, depois de muito vai e vem, no final, ela (Adriene) disse que pegou a arma, manuseou deliberadamente, e a arma disparou", disse o delegado Fernando Reis, que conduz a investigação.
Reis afirmou que, com a confissão, a vítima se faz valer de um dispositivo da lei denominado arrependimento eficaz. Segundo o artigo 15 do Código Penal, que trata do chamado arrependimento eficaz ou desistência voluntária, "o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados". Com isso, Adriene deixa de responder pelo crime de denunciação caluniosa, que tem pena prevista de dois a oito anos de prisão.
Ainda de acordo com o delegado, Adriene disse que mentiu no primeiro depoimento porque estava nervosa e não sabia o que fazer. Ela confirmou que havia bebido na noite do incidente. Segundo a última versão, ela encontrou a arma embaixo do banco.
De acordo com o delegado, a confissão não encerra as investigações do caso. No entanto, ele afirmou que a versão apresentada hoje por Adriene e sustentada pelos demais é a mais coerente. Por meio da perícia, o delegado conseguiu confirmar que Adriano estava no banco da frente do carro, como o atleta indicou.
A polícia ainda trabalha com a hipótese de Adriano ter entregue a pistola para a vítima. Porém, o jogador e Adriene disseram hoje que ele não encostou na arma. Para concluir o inquérito, o delegado aguarda a chegada dos laudos periciais e formulação do relatório final.
O caso
O atacante Adriano, do Corinthians, é acusado de ter disparado acidentalmente contra Adriene Cyrilo Pinto, 20 anos, dentro de sua BMW na manhã de sábado. A jovem foi baleada na mão depois de sair da boate Barra Music na companhia do jogador e outras mulheres. Quem dirigia o automóvel era um policial militar reformado que tem a posse da pistola .40, um amigo de Adriano, segundo o jogador. Ele havia deixado a arma no veículo porque na casa noturna não era permitido entrar armado.
As versões sobre a autoria do tiro divergem. Adriene diz ter sido atingida acidentalmente quando o jogador brincava com a arma. Já os amigos do atleta afirmam que a jovem efetuou o tiro contra a própria mão.
Adriene foi atendida no hospital Barra D"or, na Barra da Tijuca, e passou uma lavagem cirúrgica para a retirada dos fragmentos da bala. Uma nova cirurgia de reconstrução será realizada na terça-feira.
Sobre o caso, o presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, afirmou que o clube dará apoio jurídico ao atacante. "O Adriano está de férias e faz o que quiser. Claro que ficamos chateados com o acontecido, mas é uma fatalidade e pode acontecer com qualquer um", disse.
Polêmicas
O atacante Adriano, campeão brasileiro pelo Corinthians, já foi envolvido em outros casos controversos. Em 2009, ele teve que explicar porque uma moto de sua propriedade estava registrada no nome da mãe do chefe do tráfico do Morro da Chatuba, na Penha.
No mesmo ano, Adriano também arrumou uma grande confusão na saída de um baile funk. Na ocasião, o atacante travou uma verdadeira briga com sua então namorada Joana Machado, vencedora da quarta temporada do reality show A Fazenda, da Record.
O ex-jogador da Inter de Milão também apareceu em fotos divulgadas na internet segurando um suposto fuzil, o qual alegou ser uma arma de brinquedo.
No começo deste ano, o jogador, que passou a maior parte da temporada se recuperando de uma lesão e fora dos gramados, se negou a realizar o exame do bafômetro em uma blitz da polícia e teve sua carteira de motorista suspensa.