No ambiente de trabalho, Paulo Ricardo Almeida de Jesus, ex-funcionário do Burger King, reclamou ter sido alvo de assédio moral, que rendeu em julho,e teve ganho de causa num processo trabalhista. Também foram anexadas à ação situações como receber lanche sem carne no horário de jantar e xingamentos na frente dos colegas.
Paulo Ricardo se revolta com a motivação do que classifica como perseguição: diferenças futebolísticas. Em nota, o gerente, supostamente executava as punições.
O primeiro golpe na harmonia do restaurante seriam os xingamentos em tom de voz alterado. "Que p.. é essa? Que m... você tá fazendo aqui?", era a forma de o chefe se dirigir aos funcionários, de acordo com Paulo Ricardo.
De acordo com o instrutor, em certa ocasião a carne queimou e ele foi chamado para dentro do freezer. Recebeu uma reprimenda e um murro no corpo. Precisou ficar cinco minutos no ambiente gelado antes de sair. Na época, Paulo Ricardo tinha 17 anos e ficou consternado. Apesar da raiva, o sentimento que prevaleceu foi uma confusão que levou à paralisia.
Denúncias ignoradas
Os castigos se tornaram tão frequentes que Paulo Ricardo evitava passar em frente ao freezer. Havia temor de ser obrigado a ficar cinco minutos sentindo frio ou tomar um murro. Outra coisa que ele não podia fazer era falar do São Paulo. O instrutor conta que os três torcedores foram reprimidos até entenderem que o time deles não era assunto bem-vindo dentro do restaurante.
Posicionamento da Empresa
Em nota enviada à reportagem, o Burger King afirmou que, assim que receberam a denúncia, houve uma apuração sigilosa. "Foi feito um trabalho rigoroso de apuração e quando confirmadas as alegações, o funcionário em questão [gerente] foi desligado da empresa".
Segundo a empresa, "o bem-estar e segurança de seus funcionários é prioridade e, por isso, todas as denúncias recebidas são investigadas de maneira imediata. Caso a denúncia seja considerada procedente, imediatamente iniciamos os protocolos internos para aplicação e tratamento das medidas cabíveis".
O Burger King afirma ainda que investe em formação e num plano de carreira bem desenhado, "no qual pessoas mais jovens acabam assumindo papéis de liderança".