Em seu segundo romance, O Macho e Fêmea, que será lançado hoje, às 19h, em Teresina, o jornalista Rivanildo Feitosa surpreende o leitor com um enredo bem costurado e envolvente.
No livro, já lançado em São Paulo, o leitor é preso pelo desenrolar da história, pelo diálogo com o leitor que Rivanildo acredita fazer parte do processo da escrita, que é o resultado final.
“O livro tem uma narrativa cinematográfica, acredito que pelo fato de ver muito filme. Essa busca da interação é, sim, algo que define a minha obra, tornando o texto e o enredo mais subjetivo, e levando o leitor a querer continuar lendo no capítulo seguinte”, diz.
No primeiro capítulo, o autor dá algumas pinceladas desse personagem mutável, de passos apressados, de várias fases e faces que despertava a curiosidade da população da rural e quente Repentina, encravada no sertão.
Prefaciado por Cunha e Silva Filho, crítico literário, escritor e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o livro mostra o mundo real de Cozinho, totalmente desprovido de enfeites e meias palavras.
O protagonista vive uma vida normal, seguindo cada etapa de sua vida, curtindo as brincadeiras, atividades esportivas até o dia em que descobre ser hermafrodita e a partir de então precisa mudar hábitos e enfrentar os preconceitos.
Para Cunha e Silva, “Cozinho, enquanto personagem, cercado de vozes da incompreensão e dos mexericos, a despeito de tudo, conduz sua vida da forma que melhor possa carregar seu ser diferente do comum dos mortais”.
No livro, o jornalista envolve o leitor na sua forma de tecer a trama. O nascimento de Cozinho é narrado com uma linguagem realística. Ele fala do momento antes do parto, as dores da mãe, até que nasce o menino que, pelas circunstâncias, não terá grandes perspectivas e o autor define assim: “Mais um pé-rapado a povoar aquele mundinho ordinário de pessoas pobres, pobrecitas, paupérrimas”.
Em Macho e Fêmea, Rivanildo faz um romance mais leve, uma escrita mais certeira e já desenvolvendo diálogos.
“Apesar da temática, o erotismo não é tão determinante como no primeiro. Acho que a cada obra o autor se metamorfoseia, criando uma identidade para a obra - nada é igual”, explica.
Em Macho e Fêmea, cuja arte da capa foi criada pela artista plástica Josefina Gonçalves e também por Rafael Gonçalves, o escritor faz uns três esboços para chegar ao texto final.
E ainda tem as interferências e sugestões do editor. “Acho que tudo é afinidade. Tem autores que preferem fazer crônicas, contos...eu gosto de escrever romances”, comenta.
No romance, tudo acontece na cidade fictícia de Repentina. O autor prefere não ficar preso a identidades muito realistas. “Na minha obra, sempre uso lendas e algumas fugas quando o texto está muito tenso.
Além de Repentina, tem a Teresina poetizada, imaginada, com direito à exaltação do nosso folclore como o Boi, em um trote pelas suas paisagens e tradições”, diz.
Para escrever “O Macho e Fêmea” o autor dedicou mais de dois anos de trabalho intenso por se tratar de um romance psicológico.
“Escrever traz um pouco de felicidade e também de sofrimento. Neste, a carga sentimental foi mais forte. Acho que o terceiro será mais fácil, está fluindo já”, conta.
Para o autor, o que há de comum entre “O Macho e Fêmea” e “Reflexões de uma cadela vira-lata” é o fato de serem livros sentimentais. Além dessa característica peculiar, ele cita o regionalismo dos personagens e temas bem particulares. “Se olhar bem, todos são livros com personagens dotados de muita esperança e força, com uma linda história de superação”, conta. Para este livro, Rivanildo Feitosa conseguiu uma parceria com a editora, mas ele foi totalmente bancado como independente. “A sorte é que consegui parte do dinheiro investido via Lei Estadual, com o Sistema de Incentivo Estadual à Cultura (SIEC) e uma empresa local está ajudando na realização desse projeto.
O livro, segundo o escritor, é uma das apostas da Livraria Cultura, a maior rede da América Latina. “Fico feliz em ver o meu livro exposto no maior shopping do Paí na Cultura – Iguatemi (São Paulo).
E muito mais em abrir os sites de notícias como Veja, Folha e UOL e ter o meu livro entre os selecionados da Cultura, que trabalha com milhares e milhares de títulos”, diz.
Escrever tornou-se algo imprescindível para Rivanildo, que está encantado com o processo criativo, o tecer de histórias, a criação de personagens. Depois da segunda obra, o leitor já espera uma nova publicação e aguarda o que esse autor reserva para o seu leitor com sua linguagem realista.
A partir de amanhã, ele começa a segunda etapa da revista-anuário que leva o seu nome, cujo lançamento está previsto para janeiro. “E já estou fazendo o terceiro romance, que espero encontrar uma editora nova.
Cansei de obras independentes, mas sei que elas são importantes para conseguir uma certa projeção”, comenta, enfatizando que no fim do ano, há planejamento para o lançamento da obra na Livraria Anchieta, dentro de evento cultural.