O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou recurso de três réus da Operação Sucuri, deflagrada em 2003 contra 19 policiais federais, agentes da Receita Federal, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por facilitação de contrabando em Foz do Iguaçu (PR). Entre eles está o policial federal Newton Hidenori Ishii, conhecido como ‘Japonês da Federal’, sempre visto escoltando presos na Operação Lava Jato em Curitiba (PR).
Com a decisão – cujo recurso estava nas mãos de Fischer, este relator da Lava Jato no STJ, desde abril de 2015 –, Ishii e os outros dois agentes que recorriam – as investigações apontaram que os envolvidos facilitavam a entrada de produtos contrabandeados na fronteira do Brasil com o Paraguai – seguem condenados, mas ainda podem recorrer ao colegiado do STJ e ainda mais uma vez, mas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado Oswaldo Loureiro de Mello Júnior, que defende Ishii e outros 14 réus, mencionou que alguns dos citados nas investigações foram absolvidos e que buscará o mesmo para os demais condenados. Segundo o defensor, Ishii já foi condenado a pagar três cestas básicas. No total, o ‘Japonês da Federal’ responde a três processos – um na esfera criminal, outro administrativo e um terceiro por improbidade administrativa –, sendo que todos estão em andamento.
Apesar do caso seguir em segredo de Justiça, as penas aplicadas em 30 de abril de 2009 pelo juiz federal Pedro Carvalho Aguirre Filho, que coordenava os processos em Foz do Iguaçu, variaram entre oito anos, um mês e 20 dias de reclusão, além de 160 dias-multa a quatro anos e oito meses de reclusão e 100 dias-multa. A defesa contesta as provas obtidas contra os réus.
Seis anos antes, Ishii chegou a ser preso junto com outros 22 agentes da Polícia Federal, sete auditores da Receita e três policiais rodoviários federais. Segundo a investigação, foi constatado que os envolvidos “se omitiam de forma consciente e voluntária, de fiscalizar os veículos cujas placas lhes eram previamente informadas, ou realizavam fiscalização fictícia, abordando os veículos para simular uma fiscalização sem a apreensão de qualquer mercadoria”.
Ishii recorreu para não perder a sua aposentadoria. Em 2014, em meio ao andamento lento dos processos contra si, o ‘Japonês da Federal’ foi obrigado por uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) a voltar à PF, pois ainda lhe faltariam dois anos de serviço para poder gozar da sua aposentadoria.
A tendência é que Ishii não seja mais visto no serviço de escolta da Operação Lava Jato. Em maio deste ano vencem os dois anos ordenados pelo TCU e ele poderá se aposentar da PF. Há ofertas para que o agente – famoso após ser citado na gravação que levou à prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que é reconhecido nas ruas e até virou marchinha de Carnaval – seja candidato a algum cargo nas eleições deste ano. Por ora, ele nega e curte a fama.