O vereador Joel Raimundo de Souza (PDT), Presidente da Câmara Municipal de Águas de Lindóia, a 170 km de São Paulo, disse na noite desta segunda-feira (8) que pretende processar e pedir a cassação do mandato do colega Edson Âmbar (PSC), que o chamou de chifrudo em plena sessão durante a tarde. A confusão ocorreu porque Souza impediu a posse de outro vereador, que havia conseguido na Justiça o direito de ocupar o cargo.
Em entrevista por telefone ao G1, o presidente da Casa admitiu ter se sentido ?constrangido? com o xingamento, que também partiu de eleitores presentes à sessão das 16h. A cena foi filmada pela imprensa. ?Isso mexe com o moral, com a nossa dignidade. Eu me senti ofendido?, informou Souza.
De acordo com ele, além de provar o que falou, Âmbar terá ainda que ?responder por injúria, difamação e ameaça de morte?, como afirmou o vereador pedetista. ?Também vou processá-lo por danos morais e pedir a cassação. Houve falta de decoro. Ele tem a imunidade (parlamentar), mas não para fazer ofensas?.
Âmbar, que admitiu ter chamado o colega de Câmara de chifrudo em público, discorda. ?Eu tenho imunidade parlamentar e na tribuna posso falar o que quiser. Ele xingou meus pais. Então eu falei: ?vossa excelência é um chifrudo?. Todo mundo falou isso?, contou o vereador. Durante a briga, que envolveu outras pessoas, o presidente da Casa disse ter levado ?duas cadeiradas? e estar com escoriações. Âmbar afirmou que teve uma luxação no braço direito.
Posse confusa
O tumulto começou porque nesta segunda, único dia em que a Casa tem sessão plenária para discutir os projetos, o vereador Ismael Rieli (PMDB) tomaria posse. Ele disse ter conseguido na Justiça o direito de receber o diploma e o cargo, uma vez que foi eleito em 2008, mas nunca assumiu. O presidente da Casa foi contra e encerrou os trabalhos do dia. Nesse momento, houve revolta por parte dos aliados de Rieli.
A Câmara de Águas de Lindóia, cujo eleitorado é de cerca de 12 mil pessoas, tem apenas nove vereadores. Isso porque, após o pleito de dois anos atrás, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública pedindo que dos 11 eleitos somente nove tomassem posse. A Justiça acatou o pedido.
Rieli afirmou que recorreu junto ao Tribunal de Justiça na capital paulista, obtendo uma decisão favorável por parte dos desembargadores no início deste mês. ?O promotor disse que estava preocupado com o erário público, mas não se mudam as regras do jogo depois que ele acabou?, afirmou Rieli sobre o resultado da eleição. Segundo Edson Âmbar, oito vereadores ganham por mês cerca de R$ 1.600 e Souza recebe R$ 2.400 por ser o presidente.
O presidente da Câmara alegou que impediu a posse do vereador eleito porque não foi informado sobre a sentença dos desembargadores. ?A Justiça tem que me notificar de que ele vai ser empossado?, contou Souza. Ele não quis comentar a posição do MP. Apenas disse: ?Com nove (vereadores), a Câmara tem sido bem representada?.