O Rio Guaíba, em Porto Alegre, voltou a superar a marca dos 4 metros nesta sexta-feira (24), atingindo 4,27 metros no Cais Mauá. É a primeira vez que o rio ultrapassa esse nível desde terça-feira (21), quando chegou a 4,01 metros. Cientistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS preveem que os níveis elevados devem persistir nos próximos dias, com oscilações em torno dos 4 metros devido às chuvas previstas.
"Os níveis do Guaíba devem oscilar em torno da marca dos 4 metros. Devem ocorrer elevações dos níveis do Guaíba pelos ventos previstos e manutenção dos patamares dos níveis em função das chuvas que já aconteceram nesta semana e chuvas previstas na próxima semana, prolongando a cheia", destaca o IPH.
BARRICADA
Em resposta ao aumento do nível do Guaíba, a Prefeitura de Porto Alegre começou a fechar as comportas do sistema anticheias para evitar novas inundações. O fechamento está sendo feito com sacos de areia misturada com cimento, após a retirada das comportas há uma semana. O prefeito Sebastião Melo defendeu a ação, afirmando que foi necessária para evitar que a água invadisse ainda mais áreas urbanas.
RISCOS DE NOVOS ALAGAMENTOS
A situação tem deixado a população preocupada com o risco de novos alagamentos. Na quinta-feira, estudantes precisaram ser resgatados de uma escola na Zona Sul da cidade devido às inundações. Enquanto isso, moradores em áreas afetadas lidam com as consequências da enchente e tentam limpar suas casas.
A Defesa Civil de Porto Alegre emitiu alertas para 26 pontos com alto risco de deslizamentos e processos erosivos, válido até segunda-feira (27). Na cidade de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, 300 moradores foram retirados de suas casas devido ao risco de deslizamentos de terra causados pelos temporais no final de abril.
PLANO DE RECONSTRUÇÃO SANCIONADO
Enquanto isso, o governador Eduardo Leite sancionou a lei que institui o Plano Rio Grande e o Fundo do Plano Rio Grande, visando lidar com os impactos de desastres naturais. O plano visa coordenar as ações necessárias para recuperar o estado após as cheias, nas consequências sociais, econômicas e ambientais. Já o fundo vai reunir os recursos destinados à reconstrução do estado.
"É a partir desse fundo que vamos dirigir as ações de reconstrução do estado nas mais diversas frentes – seja no apoio à iniciativa privada, na reconstrução de moradia, na restauração da infraestrutura ou no auxílio aos municípios", falou Leite.
IMPACTO DAS CHUVAS
A instabilidade climática, que resultou em mais de 100 milímetros de chuva em 24 horas na cidade, fez de maio o mês mais chuvoso em mais de um século, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desde 1916. Os efeitos das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul já resultaram em 163 mortes, com 65 pessoas ainda desaparecidas. Além disso, 806 pessoas ficaram feridas e 645 mil foram deslocadas de suas casas. Quatro mortes por leptospirose foram registradas após contato com água contaminada das enchentes.
Com informações do g1