Telegramas enviados por diversas embaixadas americanas e divulgados pelo site WikiLeaks apontam que os Estados Unidos consideram o Brasil peça central na rota do tráfico internacional de drogas. Uma das principais preocupações dos diplomatas americanos refere-se ao governo do boliviano Evo Morales. Segundo a embaixada dos EUA em La Paz, em apenas dois meses de 2009, 175 aviões suspeitos de carregar cocaína saíram da Bolívia com destino ao Brasil. Em uma das mensagens, o governo americano diz que o Itamaraty vê com grande preocupação a relação entre o governo de Morales e os produtores de coca. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Os telegramas indicam que o Brasil tornou-se caminho para permitir que drogas sejam enviadas à Europa, aos Estados Unidos e à Ásia. "A falta de controle sobre seu espaço aéreo resulta em praticamente uma liberdade total para o narcotráfico", diz um dos textos. As mensagens também demonstram a participação brasileira na rota do tráfico à África. Segundo a embaixada americana em Maputo, capital do Moçambique, a rota principal para a cocaína por via aérea que chega ao país vem do Brasil.
O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.
Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais, e solto no dia 16. Agora, Assange espera em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição.