Um ano depois de tsunami, Japão homenageia os mortos da grande tragédia

Mais de 16 mil morreram e 3.300 estão desaparecidos após terremoto seguido de tsunami

Imperador Akihito (centro) chega para as homenagens às vítimas com a mulher Michiko e o ministro da Reconstrução Tatsuo Hirano (à dir.) | R7
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O Japão parou neste domingo (11) para lembrar com um minuto de silêncio as vítimas do terremoto e devastador tsunami que há um ano arrasaram o nordeste do país e causaram 16 mil mortes e deixaram 3.300 desaparecidos, além da pior crise nuclear dos últimos 25 anos. Foi observado, às 14h46 de domingo (2h46 da madrugada em Brasília), horário em que o terremoto aconteceu, um minuto de silêncio. Cerimônias em todo o país incluíram, ainda, badalar de sinos e muitas orações.

Também às 14h46, milhões de japoneses de vários municípios litorâneos da região nordeste afetados pelo abalo e ondas gigantes ouviram os alarmes voltarem a soar como homenagem às vítimas do desastre. São cidades que ainda estão em plena reconstrução.

Em Tóquio, o minuto de silêncio marcou o começo de um memorial do qual participam o imperador, Akihito, o primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, e os membros de seu gabinete.

Um ano depois do terremoto que criou a pior crise no Japão desde a Segunda Guerra Mundial, o governo se comprometeu neste domingo a acelerar a reconstrução das áreas ainda arrasadas e a fazer do arquipélago um lugar mais seguro perante os desastres naturais.

O aniversário da catástrofe foi lembrado em Tóquio com um memorial no Teatro Nacional do qual participou a cúpula do governo japonês e o imperador, Akihito, de 78 anos e em processo de recuperação após ser submetido em fevereiro a uma operação cardíaca.

No palco, um grande altar com a bandeira do Japão, crisântemos brancos e um monumento de madeira lembrava os mortos e desaparecidos.

Após um minuto de silêncio às 14h46 (horário local, 2h46 de Brasília), o momento no qual o terremoto de 9 graus na escala Richter fez tremer o Japão, o primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, lembrou os mortos e quem continua desalojado (quase 335 mil pessoas) por causa da tragédia.

Vestido de rigoroso luto, como o resto dos presentes, Noda se comprometeu a "reconstruir o mais rápido possível" a região afetada e também a "recuperar Fukushima", onde ainda continua a batalha para manter estabilizada a usina nuclear.

Perante cerca de 1.200 convidados entre ministros, parlamentares, diplomatas, representantes das regiões afetadas, jornalistas e familiares das vítimas, o primeiro-ministro pediu para transmitir as lições do desastre para as próximas gerações.

"Temos que fortalecer as medidas de prevenção, com base nesta experiência, o mais rápido possível", pediu Noda, que chegou ao poder em setembro depois que seu antecessor, Naoto Kan, renunciou por causa das críticas à sua gestão da crise. Também apelou para a unidade dos cidadãos e agradeceu a "cálida ajuda" dos outros países durante a crise, algo que também destacou o imperador, Akihito.

O idoso chefe do Trono do Crisântemo, com figura frágil e acompanhado de sua esposa, a imperatriz Michiko, fez um emotivo discurso no qual agradeceu "todos aqueles que trabalharam pelos afetados e para solucionar o problema nuclear".

Um ano depois do terremoto de magnitude 9,0 que desencadeou uma parede de água que atingiu a costa nordeste do Japão, o país ainda está lidando com os custos humano, econômico e político.

Ao longo da costa, a polícia e a guarda costeira, pressionados pelos familiares dos desaparecidos, ainda procuram em rios e praias por restos mortais, embora as chances de encontrá-los seja remota. Sem os corpos, milhares de pessoas estão em um estado de limbo emocional e legal.

Koyu Morishita, de 54 anos, perdeu seu pai de 84 anos, Tokusaburo, assim como a sua casa e a fábrica de peixes da família, no porto de Ofunato. O corpo de Tokusaburo ainda não foi encontrado.

- Eu choro um pouco, de vez em quando, mas as minhas verdadeiras lágrimas virão mais tarde, quando eu tiver tempo.

Este foi o desabafo de Morishita ao visitar um memorial para o seu pai, em um templo no alto do morro, acima de Ofunato, acompanhado por seu cachorro, Moku.

Como o resto do país, Ofunato fez um minuto de silêncio às 14h46 e novamente 33 minutos depois, quando uma parede de 23 metros de altura de água atingiu a cidade, matando 340 dos seus 41.100 habitantes e deixando 84 desaparecidos.

O povo japonês ganhou a admiração mundial pela sua serenidade, disciplina e resistência diante do desastre, enquanto suas empresas impressionaram pela velocidade com que conseguiram se recuperar, consertando as cadeias de fornecimento.

Como resultado, a economia tende a voltar aos níveis pré-desastre nos próximos meses, com a ajuda de 230 bilhões de dólares de fundos para a reconstrução, obtidos num raro acordo entre o governo e a oposição. Num artigo publicado no jornal Washington Post, primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, falou sobre a tragédia.

- Na história recente, o Japão conseguiu uma rápida expansão econômica proveniente das cinzas e desolação da Segunda Guerra Mundial, e nós construímos a economia mais eficiente do mundo em termos energéticos após a crise do petróleo. No aniversário do Grande Terremoto no Leste do Japão, nos lembramos que hoje enfrentamos um desafio de proporções semelhantes.

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