A Ucrânia realizou neste domingo (24) uma nova série de ataques com drones contra a Rússia, que chegaram a provocar um incêndio na Usina Nuclear de Kursk. A ofensiva coincidiu com o Dia da Independência ucraniana e ocorre em meio à frustração diante da falta de avanços nas negociações de paz com Moscou.
Nos últimos dias, houve intensa movimentação diplomática, incluindo uma tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de intermediar um encontro entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. Porém, na sexta-feira (22), o governo russo descartou a reunião, esfriando as expectativas.
O conflito, iniciado em fevereiro de 2022, já dura três anos e meio, deixando dezenas de milhares de mortos e permanecendo praticamente estagnado. Apesar disso, a Rússia conseguiu avanços pontuais, como a tomada de duas vilas na região de Donetsk. Em resposta, Kiev intensificou o uso de drones em ataques dentro do território russo, especialmente contra alvos estratégicos.
Na Usina de Kursk, um drone abatido caiu e explodiu, causando incêndio posteriormente controlado, sem vítimas ou aumento nos níveis de radiação, segundo a administração local. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) voltou a alertar para os riscos de combates próximos a instalações nucleares.
Moscou também relatou a interceptação de drones em áreas distantes da linha de frente. No porto de Ust-Luga, no Golfo da Finlândia, dez drones foram abatidos, mas um atingiu um terminal de combustíveis da Novatek, provocando um incêndio, informou o governador Aleksandr Drozdenko.
A Ucrânia tem apostado no uso de drones como uma de suas principais armas diante da desvantagem em tamanho e equipamentos militares. Infraestruturas de petróleo são os principais alvos, estratégia que já contribuiu para a alta dos preços de combustíveis na Rússia.
Na madrugada de domingo, Kiev também foi alvo de um ataque russo com míssil balístico e 72 drones kamikaze Shahed, dos quais 48 foram derrubados, segundo a força aérea. Um ataque separado deixou uma mulher morta na região de Dnipropetrovsk.
Independência e resistência
Em discurso pelo Dia da Independência, Zelensky disse que os ataques refletem a resposta da Ucrânia diante da falta de escuta a seus apelos por paz. “Hoje, os EUA e a Europa reconhecem: a Ucrânia ainda não venceu, mas certamente não perderá. Nossa independência está garantida. A Ucrânia não é vítima; é um lutador”, declarou.
Líderes internacionais, como o presidente chinês Xi Jinping, o rei Charles, o papa Francisco e Donald Trump, enviaram mensagens de apoio. O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, esteve em Kiev e defendeu “uma paz justa e duradoura”.
Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014. Milhões de pessoas foram deslocadas, e diversas cidades do leste e sul do país permanecem devastadas. Apesar da pressão por um cessar-fogo, Putin rejeita negociações sem impor condições, o que, segundo Zelensky, é uma forma de prolongar a guerra.